Fora de Cena | O Último Imperador
Manchúria, 1950. Numa estação de trem, guardas militares obrigam prisioneiros de guerra a entrar nos vagões rumo à China. Entre eles encontra-se Pu Yi, que até ser capturado pelos soviéticos era o Imperador da China. Ao chegar na prisão tenta cortar as veias, e enquanto se esvai em sangue, evoca a sua acidentada vida desde o momento em que com três anos de idade foi arrancado dos braços de sua mãe e levado para a Cidade Proibida em Pequim para se tornar sucessor do trono imperial.
O Último Imperador é uma grande produção que ao longo de mais de duas horas e meia recria as passagens mais significativas da vida do último imperador da China. Bernardo Bertolucci nos traz um filme grandioso e espetacular, na sua magnífica reconstituição de época, além de ter também entrado para a história como o primeiro cineasta ocidental a quem as autoridades chinesas permitiram filmar no interior da Cidade Proibida, a residência oficial imperial chinesa que é hoje um museu.
O contexto histórico do filme é bem complexo, pois resgata a história da China ainda imperial no início do século XX, passando pela proclamação da república em 1911, até a revolução comunista que proclamou a República Popular da China em 1949. No início do século, a China foi retalhada pelo neocolonialismo, sendo que o filme dá ênfase à crueldade do imperialismo japonês. Ainda mais complicado que isso foi dar vida ao próprio imperador. Enclausurado desde a infância, viveu à parte do mundo exterior até o momento que teve que, após grandes perdas, encará-lo. Adaptou-se, tornou-se playboy, figura controversa, usou, abusou e foi usado. Uma trajetória irônica e amarga de um homem que de imperador torna-se jardineiro.
Este filme de 1987 foi indicado a nove Oscars e, algo que raramente acontece, ganhou todos. As categorias que venceu foram as seguintes: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia (Vittorio Storaro), Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora e Melhor Som.