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Animaction | A Tartaruga Vermelha

Os já fãs de um dos mais famosos estúdios de animação japonesa – o Studio Ghibli – respiram aliviados ao ver mais uma vez Totoro, o mascote e grande símbolo do estúdio, estampando a abertura de mais um filme. Afinal, após a aposentadoria do grande mestre Hayao Miyazaki – responsável  por, dentre muitas outras obras, A Viagem de Chihiro – e o anúncio de que talvez o estúdio viesse a fechar por completo, saber que mais um filme fora produzido (e concorre ao Oscar de Melhor Animação em 2017) é uma notícia maravilhosa.

Outro sentimento que pode tomar conta desses fãs é o de surpresa em relação a um pequeno detalhe, que com certeza passou despercebido por muitas pessoas. É claro que essas pessoas ainda não são apreciadoras da arte do Studio Ghibli e, por isso, estão desculpadas. O detalhe é que o nosso querido Totoro aparece em um fundo vermelho e não em azul como de costume. E agora você deve estar se perguntando qual é a diferença.

Bem, isso na verdade é um aviso.

Um sutil aviso de que este filme veio para inovar a forma de contar histórias apresentada por seus antecessores. É também uma prova de que não seremos capazes de compará-lo com nenhuma outra obra já produzida pelo Studio Ghibli, afinal esta é uma co-produção com o estúdio francês Why Not Productions. E isso faz toda a diferença. A magia e a peculiaridade japonesa se encontram com a forte delicadeza francesa e nos entregam uma obra-prima.

A Tartaruga Vermelha gira em torno de um homem que, após sobreviver a um naufrágio, precisa sair da ilha para a qual o mar o carregara. Todas as suas tentativas são frustradas por uma criatura misteriosa, que depois vem a ser identificada como uma grande tartaruga vermelha. A relação entre os dois é o foco do filme, assim como suas metamorfoses e reviravoltas.

É um filme extremamente sutil e sensível, no qual não há nenhuma fala. Os demais sons assumem um papel importante para a compreensão do longa, além de serem responsáveis por torná-lo tão delicado. O barulho do mar, os ruídos da natureza daquela ilha fantástica, seus animais e as músicas escolhidas para trilha sonora, tudo nos envolve e nos atrai. Em alguns momentos, se fecharmos os olhos, podemos nos sentir no lugar daquele homem, perdidos, mas ainda otimistas em conseguir retornar ao lar. Onde seria o lar?

O estilo da animação assume traços diferentes dos filmes anteriores do Studio Ghibli. São mais delicados (toque francês), e junto com a graça com a qual o céu estrelado nos é apresentado e as ondas do mar que nos envolvem até o fim, podemos concluir que A Tartaruga Vermelha, embora não indicada para crianças, é uma animação que entrará para a história.