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The Walking Dead | 7×16 – The First Day of the Rest of Your Life

E chegou ao fim a sétima temporada de The Walking Dead. Com uma hora de duração, The First Day of the Rest of Your Life trouxe menos do que prometia, entretanto conseguiu ser o melhor episódio deste irregular sétimo ano. Opiniões negativas estão disponíveis aos montes em diversos sites, por isso, ao invés de repetir o óbvio, vou focar este texto no que eu senti ao assistir essa season finale e para onde a série pode caminhar em seu oitavo ano. Não há dúvidas de que a temporada foi ruim, mas o material disponível nunca foi melhor, o que gera uma contradição. Por que, afinal, a temporada que deveria ser a melhor foi a pior da série? (Apesar de que ainda acho a segunda temporada pior).

Vejamos quem foi a personagem central deste episódio: Sasha. Sasha nunca figurou entre os personagens favoritos dos fãs, e isso não é culpa de Sonequa Martin-Green, que é uma boa atriz e realmente acredito que fez o melhor possível com o que tinha em mãos. A culpa é do roteiro, que desenvolveu mal a personagem muito por conta do excesso de outros personagens que a série precisa dar conta. Apenas Carol conseguiu sair de coadjuvante para favorita do público e figurar no seleto grupo de personagens carismáticos da série. Sasha não conseguiu isso, assim como Tyreese. Mesmo com esforço dos roteiristas, um episódio centrado nela não teria a mesma força do que foi o primeiro deste ano, com a chocante morte de Glenn, ou a morte de outros personagens importantes, como Hershel ou até mesmo Beth.

Felizmente, o que ajudou Sasha a se tornar mais interessante nesta season finale foram Negan e Eugene. Relacionar qualquer personagem com Negan o deixa mais interessante, basta ver como Eugene saiu de cara chato para alguém difícil de saber em que time está jogando, além de ter se tornado uma importante peça para a oitava temporada, quem diria! Já Sasha conquistou o “respeito” do líder dos Salvadores pela ousadia e coragem e serviu de elemento perfeito para os planos de Negan. Somente isso já era o suficiente para a personagem se destacar, entretanto os roteiristas amam um flashback e tivemos que acompanhar várias conversas entre ela e Abraham em seu último dia de vida. O que eu senti vendo isso? Enrolação. Porque o que todos queriam ver mesmo era o confronto entre Negan e Rick acontecer.

Para quem aguardou uma batalha explosiva entre Alexandria e os Salvadores, eu me decepcionei muito com a traição dos Scavengers e de Jadis. Não era algo inesperado, porém da forma que foi feita jogou um belo balde de água fria no ritmo do episódio, que até então estava em crescente tensão. O confronto foi adiado para darmos lugar à despedida de Sasha, que sacrificou sua vida para pegar Negan de surpresa. Foi questionado se ela não poderia ter feito um ataque melhor se estivesse viva, provavelmente sim, mas se lembrarmos que ela tinha acabado de fazer um ataque suicida ao Santuário, podemos entender que ela já não estava muito a fim de continuar viva. Só a partir daí, em clara desvantagem para Alexandria, é que a batalha começou. É realmente inacreditável que ninguém do grupo tenha morrido nesta primeira parte do confronto, porém muita coisa é inacreditável em The Walking Dead. Nesse momento do episódio eu fiquei aliviado de que teríamos ao menos um pouco de ação.

No final tivemos mais um confronto entre Negan e Rick. Rick basicamente repetiu o que disse na season premiere, e aqui é importante notar como o personagem vai ficando cada vez mais insano ao longo dos anos. Negan, se fosse mesmo inteligente, mataria Rick, pois ele é incontrolável. Porém o ego de Negan, que realmente acredita ser capaz de pôr qualquer um sob suas ordens, não deve permitir isso. Não deve aceitar matar alguém que recusou se dobrar. Isso custou ao líder dos Salvadores não perceber as chegada das “tropas” do Reino e de Hilltop. Aí sim, senti euforia “finalmente!”, pensei. Foi demais ver Shiva em ação, Ezekiel soltando suas frases épicas, Carol atirando para todo lado, Maggie de volta à ação e Morgan lutando pra valer! Sem falar das reações de Negan e da a confusão toda da “Batalha de Alexandria”, acabou sendo hilário para mim as frases do líder dos Salvadores, como “a viúva está viva e atirando”, “está vendo Simon? Isso é cheiro de merda” e algum comentário sobre Shiva que não consigo lembrar. Me pergunto por que não tivemos MAIS disso ao longo do ano?!

No final, Negan recuou e agora se prepara para a guerra. Se tivesse morrido, o clima que o episódio tomou com a reflexão de Maggie sobre a importância de Glenn para tudo isso caberia como um bom series finale. Entretanto, sabemos que vem mais, muito mais por aí. Só que The Walking Dead não pode se dar mais ao luxo de errar. Se a oitava temporada seguir o clima da metade final deste episódio, então sim teremos algo interessante. Já tivemos muito tempo gasto no desenvolvimento de personagens, episódios tediosos. É hora de parar de adicionar personagens novos e trabalhar com o elenco que está aí. Aí sim a guerra entre Alexandria, Hilltop e o Reino vs Salvadores valerá a pena de ser vista. Ou The Walking Dead passa a gerar emoção no seu espectador ou pode até querer chegar aos 20 anos de existência, mas não vai nem sonhando. Ao terminar o episódio a sensação foi a mesma que sinto em toda season finale: agora vai ficar demais!”. Só que dessa vez eu não acredito nisso, são os produtores que terão que provar que conseguem fazer algo que valha a pena ver.

Merece morar no Reino

Neste espaço vou passar a comentar o lado positivo dos episódios. Aproveitando que é o último da temporada, faço um balanço geral.

– Sem dúvidas, Negan é o ponto forte de The Walking Dead. Ele é muito melhor que o Governador e não precisa se fazer de bom moço para ter uma legião ao seu redor. A melhor coisa da série é odiar Negan, porém é preciso aprofundar esse personagem. Quem ele é e de onde ele veio já seria um ótimo começo.

– Michonne. Mesmo num relacionamento nada carismático com Rick, ela provou que continua sendo badass e sobreviveu à luta mais violenta do episódio. Faltou estar com seu sabre, teria vencido bem mais rápido.

– Daryl, Carol, Maggie. A galera da ação. O que seria de Alexandria se dependessem só de Rick?

– Rei Ezekiel. Demorou, mas mostrou a que veio. Shiva também.

Merece conhecer Lucille

Neste espaço nem preciso dizer muito né? É para o que a série tem de pior.

– Rick. Eu gosto do Rick, mas nesta temporada ele decepcionou muito. Se dependesse dele, Alexandria cairia sem muita resistência. Precisou o filho Carl iniciar um tiroteio para a coisa esquentar, e ele ainda demorou demais e virou refém de Jadis, aquela moça muito legal.

– Scavengers. Traíram Rick, alguém de fácil negociação, por Negan, um tirano. Honestamente, faltou inteligência ao pessoal do lixão.

– Episódios focados em um único personagem. Se esse personagem não for Negan, por favor nunca mais precisamos de um. Sem contar a inexplicável existência de fillers numa série de 16 episódios (não engoli aquele episódio de Rick e Michonne procurando armas).

Pessoal, é isso aí. Chegamos ao fim de mais um ano de The Walking Dead. Vamos esperar, mas sem muita expectativa, o que vem por aí. Assim é mais fácil apreciar essa série, que é muito boa quando quer e infelizmente está sendo em apenas dois episódios por temporada. Nos reencontramos em outubro! Abraços e obrigado pela leitura!