Once Upon a Time | 6×15 – A Wondrous Place

Coincidência é um fator complicado de se incluir em um roteiro, se forem poucas e não foram absurdas até é algo aceitável, mas se não tomarmos cuidado tudo fica fácil demais. Muitas vezes coincidências são usadas para resolver facilmente alguns problemas, mas quando elas são exageradas isso pode ser entendido de duas formas: ou quiseram acelerar muito a história para chegar em algo importante ou não tinha muita história para começo de conversa, e essa era a única saída. No caso de Once Upon a Time o mais provável é que o segundo caso seja a explicação.

Segue aqui uma breve lista das coincidências que presenciamos ao longo do episódio:

1 – Jasmine e Aladdin estão na parte exata da Floresta Encantada (e no momento exato também, meio que duas coincidências de uma vez só) onde o Nautilus vai aparecer.

2 – Eles são atacados pelo Kraken, que por acaso era o que o Capitão Gancho estava caçando.

3 – O submarino apresenta problemas no momento em que eles estão próximos de uma ilha.

4 – Nessa ilha mora Ariel, que por acaso conhece a Jasmine.

5 – Na casa da Ariel existe um vaso que “parece” ser de onde vem o Aladdin, mas que nunca foi aberto.

6 – Esse vaso continha Jafar, que era quem eles estavam procurando.

7 – A Ariel tinha, sem qualquer motivo, uma pequena concha capaz de se comunicar entre os mundos com ela, sem nenhum motivo aparente.

8 – O Capitão Gancho também tem uma dessas, só que ela está na casa da Emma, em Storybrooke.

9 – Emma chega em casa no momento exato para carregar o baú onde a concha estava guardada e ouvir a mensagem de amor do Killian, que aliás nem tinha motivo para falar nada, até porque dificilmente a concha tem uma secretária eletrônica embutida.

As coincidências não foram usadas para cobrir buracos na história, elas são a história. Sem esses fatos aleatórios completamente movidos pelo acaso este episódio nunca teria acontecido. A série já teve momentos semelhantes, especialmente para explicar ligações antigas entre alguns personagens, mas realmente não me recordo de algo neste nível, onde absolutamente tudo de relevante em todos os enredos paralelos se baseia em coincidências.

E o problema não fica restrito ao enredo. A representação de alguns personagens deixa muito a desejar. Branca de Neve bêbada foi engraçado, ver a Emma se abrindo com o bartender é um clichê, mas pelo menos dessa vez o diálogo de fato parecia ser algo que a personagem diria, e ver a Ariel novamente foi bom, ela nunca teve destaque o bastante e é bom lembrar que ela existe. Mas e o David, que descobriu que alguém que ele considerava amigo matou seu pai e ele nem ao menos soltou um grito de raiva e já estava feliz na cena seguinte? O Henry, que mais parecia parte da mobília do que uma pessoa? A Jasmine, que em um minuto foi de garota assustada para princesa vingativa e sorriu ao tirar a vida do Jafar? Sem nuances, desenvolvimentos visíveis ou mesmo diálogo, esses personagens pareciam estar ali para cumprir uma função (mesmo que seja ficar deitado no sofá) e mais nada. Mesmo quando a história foi fraca no passado a série se segurou porque soube usar do elenco bom e dos personagens, será que vão abrir mão disso também?

Ver Once Upon a Time vem sendo uma sequência de decepções, e A Wondrous Place é um bom exemplo do motivo. Os roteiristas nem estão mais fingindo que existe uma história a ser contada, e aquela que um dia já foi uma série realmente capaz de cativar com suas histórias interessantes hoje é só uma confusão causada por falta de originalidade que apresenta dificuldades para desenvolver até mesmo alguns dos seus personagens mais antigos. Tendo perdido a chance de parar em um bom momento, OUaT está caminhando para o esquecimento sem nem mesmo terminar.