Homeland | Análise geral da sexta temporada
Homeland encerrou sua sexta temporada no último domingo, 10 de abril, e eu lamento não ter feito reviews este ano. Para me redimir, venho aqui com uma análise geral destacando os eventos da season finale, o episódio America First. Primeiro, é importante ressaltar que essa foi a melhor temporada da série desde 2012. Os motivos estão principalmente em uma trama mais interessante – tivemos a presença de uma presidente eleita, e colocar Carrie diante da futura líder dos EUA mudou a dinâmica de deixar essa personalidade nas sombras, como nos acostumamos a ver ao longo de cinco anos. Segundo, o inimigo desta vez foi interno, além de só ser claramente revelado no final da temporada.
O plano de Dar Adal não ficou explícito, o que fez a série voltar a ser empolgante principalmente após o quinto episódio. Depois de muito tempo, Homeland conseguiu gerar ansiedade pelo próximo episódio. No final das contas, nem mesmo o próprio Dar sabia da amplitude do plano para tirar Keane de cena. Sobrou para Carrie e Peter Quinn salvarem o dia, mas em relação a isso voltarei mais adiante.
A temporada focou nos personagens que já conhecemos, o que a deixou mais compacta e atrativa. Peter Quinn voltou da morte para causar desconforto no público e em Carrie. Sua vida após o derrame se tornou sofrível do começo ao fim, porém ele sobreviveu e demostrou ser alguém que não desiste, mesmo com suas limitações. O roteiro escrito para Quinn oscilou, entretanto devemos a ele alguns dos momentos mais tensos da temporada, como a morte de Astrid. Vale lembrar que Homeland continua sendo uma das séries mais bem dirigidas da TV.
Já Carrie conseguiu passar uma temporada mais discreta, entretanto enfrentando novos problemas, como defender Sekou, a perda da guarda da filha e a instabilidade da presidente eleita Keane, que uma hora confiava e na outra desconfiava da protagonista. Tudo bem que Carrie ligou bêbada para a futura presidente dos EUA, mas não chegou a ser um surto, o que é um ponto positivo, pois mostra que não é necessário apelar para esse recurso sempre e que Claire Danes manda muito bem nesse papel.
Voltemos à season finale. Tivemos um episódio muito bem escrito e que foi feito tendo em mente que é um final de temporada. A série falhou muito nisso no quarto ano, melhorou no quinto e voltou à boa forma agora. A primeira parte foi toda dedicada ao plano de execução de Keane. Com ritmo intenso e suspense, assistimos ao desenrolar que resultou na morte heroica de Peter Quinn.
Pessoalmente eu gostava muito de Peter e acredito que ele fará uma falta maior do que Brody à série. Ao mesmo tempo, todo seu arco parece ter sido feito para uma despedida em grande estilo. Peter manteve a fama de “durão” e de sobreviver aos maiores atentados possíveis mesmo debilitado, e morreu salvando a presidente de seus próprios funcionários que tramaram nada menos que um golpe contra ela. Um golpe estilo aos que os EUA apoiaram na América Latina ao longo do século passado, como bem lembrou Saul em um dos episódios. Como herói, Quinn se despede de forma totalmente oposta a de Brody, com todas as honras possíveis, se tornando uma estrela muito mais destacada que a humilde estrela desenhada por Carrie no final da terceira temporada.
E agora, o que temos pela frente? São duas temporadas ainda e Carrie com certeza não voltará à CIA após a caça às bruxas que Keane está promovendo. É importante lembrar que a série busca ser uma crônica de seu tempo e isso se reflete no comportamento de Keane, que começou com uma personalidade mais democrática e termina autoritária, ignorando friamente os gritos de Carrie alertando sobre as injustiças que ela estava cometendo.
O último episódio se encerra com Carrie diante do Capitólio, o congresso americano, num plano idêntico ao de Brody no começo da série. Se é um indício de que Carrie terá que ir contra seu próprio país na próxima temporada, eu não tenho certeza, mas é provável que seja de forma bem diferente do que Brody fez. De qualquer forma, oito anos é muito para Homeland. Mais uma temporada seria suficiente, porém se tivermos bons episódios, como foi neste ano, podemos nos animar com um final decente para uma série que já foi a melhor no ar e hoje sofre para continuar revelante.