Once Upon a Time | 6×21/22 – The Final Battle
Aproximadamente seis anos atrás, mais especificamente no dia 23 de outubro de 2011, Once Upon a Time foi ao ar pela primeira vez e as expectativas eram enormes. A ideia de poder ver todos os nossos contos de fada favoritos em uma versão mais atual, capaz de unir diversas histórias em um único enredo, parecia boa demais para ser verdade. Mas ao longo de seis temporadas (com muitos altos e baixos), pudemos acompanhar o desenvolvimento desse mundo fantástico e de seus incríveis personagens, e isso é algo que os fãs jamais esquecerão.
É verdade que essa introdução dá a impressão de que a série acabou, o que não é verdade, mas The Final Battle foi o fim da linha para grande parte do elenco regular da série e serviu como um encerramento digno para essas seis primeiras temporadas, então esse início parece fazer sentido. Esse episódio duplo pareceu passar muito rápido (o ritmo dado pela edição foi muito bom), mas aconteceram diversas coisas que precisam ser comentadas, então dessa vez a análise será bem detalhada.
O QUE DEU ERRADO
Esse season finale foi muito bom, mas de forma alguma foi perfeito. Alguns pontos negativos acabaram afetando o desempenho geral do capítulo, mas nenhum foi grande o bastante para que alguém possa chamar The Final Battle de ruim. E, coincidência ou não, os dois momentos ruins vieram de Rumplestiltskin.
O confronto entre mãe e filho, já no final do episódio, foi uma fonte de desapontamento sem fim. Faz sentido que um mate o outro, afinal essa era a profecia original, mas a questão aqui é a forma como tudo ocorreu. A Black Fairy é, com exceção de Hades, o mais poderoso ser mágico que já apareceu como inimigo dos heróis de OUaT, e vê-la sendo derrotada daquela forma foi ridículo.
Alguém tão poderoso assim ser incapacitado sem sua varinha não faz sentido, e teria sido muito melhor se ela tivesse se recusado a enfrentar seu filho e aceitado a morte. Combinaria com a forma como a personagem foi construída e seria um final muito mais digno para a vilã.
Mas o maior problema, sem dúvida nenhuma, foi o final feliz do Rumplestiltskin. Não que eu acredite que ele devesse sofrer no final, inclusive a sua redenção aparecerá como ponto positivo mais para frente, mas depois de seis temporadas de relacionamento abusivo fica bem difícil engolir ele e Belle como um casal feliz no final. Esse foi um par para o qual eu torci muito no começo da série: os personagens tinham sido bem construídos e, baseado em tudo o que tínhamos visto, essa relação tinha menos cara de Síndrome de Estocolmo do que a versão da Disney e ainda conseguia mostrar o melhor da personalidade da Belle. Infelizmente os eventos que se seguiram nas temporadas seguintes mostraram o quanto esse relacionamento foi destrutivo. É impossível querer romantizar algo assim.
Um dos acertos desta temporada tinha sido a forma como a princesa pisou na fera nos diversos momentos em que eles interagiram, mas tudo isso foi ignorado. Ele até pode merecer um final feliz, mas fazer com que os dois terminassem juntos é um desrespeito à trajetória da Belle na série.
O QUE DEU CERTO
É possível ir apontando vários pequenos acertos, mas fica bem mais fácil elogiar esse episódio duplo quando se percebe que a sua trama central foi o grande acerto que gerou todos os outros resultados positivos. Olhando de longe, parece que foi apenas mais uma maldição envolvendo perda de memória, mas prestando atenção nos detalhes a situação fica bem diferente.
Sabendo da impossibilidade de criar uma enorme batalha mágica com ótimos efeitos especiais, o confronto final se tornou algo muito mais sútil e ao mesmo tempo mais cativante para o público. A ameaça de destruição para todos os mundos com magia, somada à forma inteligente como foram feitas conexões entre diferentes momentos da série, produziram uma situação muito mais tensa do que qualquer combate que poderia ser feito em OUaT.
Mas uma boa ideia não chega muito longe sem uma boa execução, e The Final Battle conseguiu colocar em prática tudo o que precisava para ser um sucesso. O primeiro exemplo são as cenas envolvendo Emma e Henry: fazia muito tempo que essa dupla não era bem representada na série, ver mãe e filho trabalhando juntos de novo conseguiu gerar um sentimento nostálgico muito bem-vindo. Muito neste final de temporada parece ter sido feito para lembrar o público sobre as melhores coisas que a série já apresentou, e os diálogos da salvadora com seu filho com certeza alcançam o resultado desejado.
A redenção de Rumplestiltskin, com a já citada ressalva, foi outro momento marcante. Em toda a série apenas um vilão era de fato completamente ruim e sem salvação (a Cruella), todos os outros foram levados para as trevas por sofrimentos do passado, normalmente envolvendo a perda de entes queridos. E para muitos deles, tanto a passagem para o mal quanto a redenção que alcançaram, foram processos longos e interessantes de acompanhar. Já Rumple, apesar da semelhança em sua origem, teve uma “redenção relâmpago” que só faz sentido quando observamos as consequências de suas ações. Apesar de ter se tornado herói apenas no final, o pai de Gideon salvou incontáveis vidas em todos os mundos mágicos e impediu que a sua mãe saísse impune. O personagem foi jogado de um lado para o outro várias vezes nesses seis anos de OUaT, e é bom ver que pelo menos resolveram escrever algo definitivo para ele.
E Rumplestiltskin não foi o único que brilhou dessa vez. Os personagens mandados de volta para a Floresta Encantada tiveram um desenvolvimento melhor do que o esperado. É verdade que a viagem do Gancho e do Charming para tentar conseguir um feijão mágico não foi lá das melhores, mas a atenção dada para o resto das cenas e seus diálogos foram bem interessantes. E ainda tivemos a surpresa da Rainha Má, só para animar os fãs que acham que uma só Regina ainda é pouco.
MAS E AGORA?
Once Upon a Time foi confirmada para a sétima temporada e nós até vimos como ela vai começar, mas será que esse cliffhanger para iniciar a nova trama é uma boa ideia? Difícil imaginar o Henry como alguém que perdeu suas crenças depois de tudo pelo qual o personagem passou. Além disso, o começo idêntico ao da primeira temporada é ao mesmo tempo positivo e negativo.
A ideia por trás disso é gerar familiaridade e mostrar que, se você gosta da série, agora então as próximas histórias também te interessarão. O problema é que pensar em OUaT recentemente virou sinônimo de decepção. Os roteiristas se perderam em suas histórias, criaram arcos e adaptações de personagem sem nenhuma característica marcante e infelizmente isso aconteceu mais de uma vez. Devido a isso, uma reação negativa à ideia de que as coisas não devem mudar muito era realmente algo esperado. Tomara que para a próxima temporada o roteiro apresente menos coincidências absurdas e mais enredo bem construído.
Em suma, The Final Battle foi o fim que a série precisava. Pode não ter encerrado Once Upon a Time permanentemente, mas com certeza serviu bem como despedida de alguns dos melhores personagens que tivemos o prazer de acompanhar. Por ter finalizado bem os primeiros seis anos de OUaT, esses com certeza serão alguns dos mais lembrados episódios de todos os tempos para os fãs, e com motivo.