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Crítica | Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Criado por Stan Lee e Steve Ditko, o Homem-Aranha apareceu pela primeira vez na revista Amazing Fantasy #15, em 1962. Passados 55 anos, hoje ele é um dos maiores ícones da cultura pop e herói mais popular da Marvel, e estreou sua carreira cinematográfica em 2002 com Homem-Aranha, dirigido por Sam Raimi e protagonizado por Tobey Maguire. Esse filme, que já virou um clássico dos anos 2000, foi sucesso de público, garantido mais duas sequências para o herói aracnídeo. Entretanto, em 2008, a Marvel começou seu próprio Universo Cinematográfico com Homem de Ferro e os filmes de super-heróis foram se tornando partes de algo maior.

Enquanto a Marvel prosperava, a Sony patinava com O Espetacular Homem-Aranhareboot da franquia dirigido por Marc Webb e que decepcionou nas bilheterias. A solução encontrada pela Sony foi integrar o herói mais popular da Marvel ao MCU, nada mais justo que essa volta para a casa que o criou se chamar Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Dirigido por Jon Watts e protagonizado por Tom Holland (O Impossível), o longa-metragem ingressa o Cabeça de Teia no Universo de heróis mais poderoso de Hollywood, se tornando um filme com o selo Marvel de qualidade, o que é ótimo para o público em geral e, claro, para os fãs do amigão da vizinhança.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar conta a história de um herói em construção, afinal Peter Parker tem apenas 15 anos aqui, cursa o segundo ano do colegial e tem que se dividir entre sua vida normal e a vida de herói. O roteiro escrito por Jonathan Goldstein e John Francis Daley deixa claro que Peter está empolgado com seus poderes e com sua parceria com os Vingadores, como qualquer adolescente ficaria em seu lugar.

No papel de “mentor” está o Homem de Ferro. Robert Downey Jr. já está mais do que acostumado ao papel e felizmente não rouba a cena, aparecendo em momentos pontuais e bem escolhidos para guiar Peter em sua jornada. Graças a Tony Stark, o Aranha tem o uniforme mais tecnológico já visto nos cinemas, até com inteligência artificial que cria uma relação de amizade com o Cabeça de Teia que muito lembra o filme Ela, de Spike Jonze, e proporciona momentos cômicos e divertidos que funcionam muito bem com a personalidade abusada do Homem-Aranha.

Em se tratando de personalidade, a Marvel apresenta um Homem-Aranha do século XXI, porém mantendo as características que popularizaram o herói, como sua inteligência, seu ar atrapalhado e seu lado nerd. O filme também traz uma grande diversidade étnica em seu elenco, uma boa mudança se comparado a outros filmes do Aranha, o que deve ajudar De Volta ao Lar a ser um filme popular no mundo todo. O parceiro de Parker não é Harry Osborn dessa vez, mas sim o divertido Ned (Jacob Batalon), que parece estar mais empolgado com os poderes de Peter do que o próprio herói. Temos ainda o valentão Flash Thompson (Tony Revolori), a crush de Peter, Liz (Laura Harrier), e Michelle (Zendaya), personagem mais excêntrica do colégio.

De Volta ao Lar traz como vilão o Abutre, um dos inimigos mais antigos do Aranha, mas que nunca teve uma chance nas telonas. Esse homem que voa pelos céus com seu aparato tecnológico é interpretado pelo próprio Birdman, Michael Keaton. Keaton se diverte no papel de vilão e divide muito bem as atenções com o protagonista Tom Holland. O filme é recheado de cenas de ação entre o Aranha e o Abutre, que mesmo com a insistência de Jon Watts em planos fechados, proporciona uma boa diversão, porém ainda longe do clima épico de Homem-Aranha 2.

As melhores qualidades de De Volta ao Lar estão em colocar o Aranha dentro do MCU e usar a fórmula Marvel de fazer filmes da melhor forma. A Marvel soube muito bem adaptar seu principal herói para o cinema, trazendo até a trilha sonora clássica do Cabeça de Teia. Com uma história bem escrita, mostrando um herói em construção, entendemos que Peter Parker está assimilando que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” e felizmente a frase não precisa ser dita ao longo do filme para que passe essa mensagem ao público.

Sendo uma experiência cinematográfica eficiente e muito divertida, De Volta ao Lar não decepciona e continua fazendo de 2017 um ano recheado de bons filmes do gênero. A Sony fez a escolha certa em deixar o Aranha nas mãos daqueles que o criaram, e a Marvel entrega um filme leal a tudo que o Homem-Aranha é.