Game of Thrones | 7×02 – Stormborn
Assistindo ao poderoso Stormborn ontem à noite, me dei conta pela primeira vez de que Game of Thrones está acabando. Nem sempre uma série consegue imprimir urgência quando tem o seu deadline definido e, na maioria das vezes, a gente só começa a sentir o clima real de despedida quando os últimos episódios vão se aproximando. A agilidade com a qual o roteiro de Bryan Cogman conseguiu retomar fatos antigos do show e colocá-los numa inevitável rota de colisão, foi genuinamente inspirada e me fez feliz por ter devotado tanto tempo à série. Nunca na história de Game of Thrones presenciamos uma batalha épica, como a que encerra o episódio já no começo da temporada e, pelo menos para mim, esse foi só um aperitivo de eventos que serão recorrentes a partir de agora.
Se a chegada silenciosa de Dany em Pedra do Dragão pareceu mais como um adiamento de confrontos, o mesmo não pode ser dito de todas as visitas recebidas pela Nascida na Tormenta. Eu fui um dos que se perguntou o motivo de Daenerys não ter seguido direto para Porto Real, e os porquês dados por Tyrion para responder essa pergunta foi digno da figura de uma verdadeira Mão do Rei. Se Dany tivesse feito isso ela entregaria justo o que Cersei previu, sendo então demonizada por toda Westeros. A filha do Rei Louco queimando inocentes seria o estopim para que nenhuma das casas que ainda respondem aos Lannister se curvassem a um novo Targaryen. Cersei e Jaime, inclusive, conseguiram fomentar um bem-vindo comentário sobre como incitar a xenofobia ainda funciona de fagulha mais perigosa para dar início a uma guerra.
O engraçado é que por acharmos que nossos favoritos são infalíveis, a gente nunca quer enxergar os furos em determinadas jogadas. O plano de Tyrion fazia todo sentido, mas ele não contava com a aliança entre Cersei e Euron. No momento em que a frota do tio de Yara e Theon atacam os navios que cercariam Porto Real, imediatamente o conselho de Olenna passa a fazer sentido. Tyrion é inteligente, mas ele sempre subestima os irmãos por conta disso e Cersei está longe de ser aquela rainha convencida que um dia fez tantas alianças duvidosas. Não que Euron seja confiável, mas o pirata estava disposto a conseguir o que prometeu para cair nas graças da Rainha Lannister. Se Dany quiser conquistar Westeros ela vai sim ter que ser um dragão, ou montar neles, para ser mais preciso.
O problema aqui é que Cersei está se precavendo de todos os lados e o malicioso Qyburn já planejou uma forma dos exércitos da Rainha se protegerem dos filhos alados de Dany. Eu não sei se estou pronto para perdermos um dos dragões, mas a gente está falando de Game of Thrones, então acho que até o fim da temporada um deles deve rodar. Ainda sobre Qyburn e os outros Meistres, é sempre bom ver que a série conseguiu estender a importância deles para algo maior do que a vida sexual de Meistre Pycelle lá nas primeiras temporadas. Mesmo assim eu não escondo que fiquei rindo quando percebi que as explicações dadas pelos sábios são sempre as mais óbvias, mas que ninguém nunca pensa em seguir. Para matar um dragão, a gente usa uma balista. Para curar a escamagris, a gente retira as cascas e passa uma pasta de ervas nas feridas. Óbvio e cômico na obviedade.
O belíssimo confronto entre Daenerys e Varys que abriu Stormborn seguiu uma toada totalmente diferente daquele representado por Mindinho. Houve um tempo em Game of Thrones que Varys e Mindinho aparentavam ser os únicos que chegariam até o fim dos jogos políticos, no entanto, se Varys apresentou uma tridimensionalidade crescente ao longo desses sete anos, Mindinho continua nos mesmos joguinhos aborrecidos. O personagem já esgotou e eu sinceramente não vejo a hora de vermos o seu fim. O chega para lá dado por Jon meio que já dá outra prévia de que isso vai acontecer logo, logo.
Também não quero ver um confronto entre Starks. A nossa casa xodó já sofreu demais e toda vez que um deles aparece, fico torcendo para eles descansarem merecidamente em Winterfell. Tomara que Sansa aceite o lugar designado por Jon como um voto único de confiança e comande sabiamente o castelo na ausência do irmão. Sabendo que agora tanto Arya quanto Bran estão indo para casa, acho que é isso que vai acontecer mesmo. Arya, inclusive, me emocionou novamente, e tudo isso graças as sempre comoventes expressões da jovem Maisie Williams. O olhar dela quando descobre que Jon é o novo Rei do Norte e a despedida com sua loba Nymeria é das raras sequências no show que aquecem os nossos corações.
Game of Thrones não dá sinais de que vá desacelerar nesta sétima temporada e reforço mais uma vez que é a gente que ganha com essa decisão. Vem muita coisa grande por aí e não duvido que semana que vem estaremos aplaudindo mais uma hora espetacular.
P.S.1: Missandei e Verme Cinzento mereceram o momento deles. Acho que a galera deveria parar de reclamar de coisas bobas.
P.S.2: A temporada está decidida a entregar os raccords mais inspirados da história do show, mas aquele que vai do escamagris para a torta me embrulhou o estômago.
P.S.3: Foi só eu que agradeci o fim das chatíssimas Serpentes de Areia? Já vão tarde e felizmente em grande estilo.
P.S.4: Melisandre, a Sacerdotisa Vermelha cupido.