Como Nossos Pais | Confira como foi a coletiva de imprensa realizada em São Paulo
No próximo dia 31 de agosto estreia o filme brasileiro Como Nossos Pais, que já foi distribuído fora do Brasil e fez grande sucesso. No Festival de Gramado deste ano, conquistou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Montagem, se tornando o longa mais premiado desta edição. E não é para menos, pois a diretora Laís Bodanzky acertou em cheio na história, fazendo com que o espectador queira uma continuação, um pedido feito muitas vezes durante a coletiva.
O filme conta a história de Rosa, uma mãe de família que quer se encontrar profissionalmente e que busca a paz de espírito. Com o casamento em crise, ele vai atrás de respostas e descobre muitas coisas neste caminho, inclusive que seu pai não é seu pai e sua mãe, com quem ela tem um relacionamento mais do que conturbado, tem câncer. E para divulgar o longa, parte do elenco, a diretora e o roteirista estiveram em São Paulo no último dia 23 de agosto e conversaram com a imprensa.
O bate-papo começou descontraído, com Maria Ribeiro, a protagonista, fazendo piadas sobre dar bom dia no WhatsApp e na coletiva ao mesmo tempo, mas logo as inspirações começaram e as perguntas foram sendo feitas. A diretora Laís Bodanzky, que também dirigiu Bicho de Sete Cabeças e As Melhores Coisas do Mundo, comentou que fez Como Nossos Pais para a sua geração e para as que estão por vir também. Ela explicou que queria o ponto de vista mais maduro dessa transição em que vivemos, do amor livre e do papel do homem e da mulher na sociedade. O elenco afirmou o tempo todo que o longa foi feito com o objetivo de que se observassem a pressão que as mulheres sofrem para serem supermulheres hoje em dia.
Laís aproveitou ainda para comentar que Como Nossos Pais é um filme que conta a história da vida dela e de tantas outras mulheres, através de um roteiro observador que teve inspirações reais. Em uma fala sensacional na coletiva, ela disse que “apesar de [o filme] retratar como mulheres de classe média também batalham para conquistar um espaço, a mulher negra e pobre é praticamente invisível no Brasil“. A diretora ressaltou que a revolução do audiovisual já é bem mais visível e que a classe feminina começou a ter mais espaço neste seguimento.
Maria Ribeiro, por sua vez, disse que já era fã de Laís e que o filme foi o maior presente que ela poderia ter ganhado este ano. A atriz reiterou que amou as cenas de Rosa empoderada, principalmente as que aparece nua, pois naquele momento a personagem estava se libertando para o mundo. Clarisse Abujamra, que interpreta Clarice, mãe de Rosa, disse que também teve uma ótima visão do filme e concordou com a diretora sobre o longa ser sobre uma geração de mulheres em mudança. Segundo a atriz, “a classe feminina precisa ser ouvida, principalmente a da terceira idade, pois é desumano o quão as mulheres ficam invisíveis no auge de sua libido, que é na faixa dos 60 anos para cima“, disse Clarisse.
Ao ser perguntado sobre o papel do homem nesta mudança feminina que o filme aborda, Paulo Vilhena, que interpreta o marido distante de Rosa, disse que “os homens heterossexuais têm que apenas ficar de canto, olhando a revolução das classes que sofreram desigualdade até hoje“. O futuro do casal também foi questionado por conta do final do longa e Laís disse que muita água ainda vai rolar com todo este novo conceito de amor livre, mas ela crê que Rosa e Dado (Vilhena) estejam juntos e se adaptando às novas realidades.
A coletiva foi finalizada com Laís Bodanzky dizendo que Como Nossos Pais foi bem aceito na Europa, principalmente em Paris. A diretora afirmou que isso se deve ao fato de que as conversas abordadas na história são assunto nas mesas de bar em locais como Berlim e acrescentou ainda que todos querem um lugar para discutir as novas mudanças da sociedade, bem como cessar a desigualdade de vez.