Crítica | O Acampamento
O Acampamento é um filme australiano de terror intenso do início ao fim. O longa, dirigido e escrito por Damien Power (Peekaboo), tem a história semelhante a de Wolf Creek – Viagem ao Inferno (2005), seu parceiro de terra natal. O filme de Damien não poderia ser de outro gênero, já que o diretor mostra a sua preferência pelo suspense/terror desde seu primeiro curta, rodado em 2011.
Sam (Harriet Dyer) e Ian (Ian Meadows), um jovem casal prestes a noivar, estão dirigindo em direção a um acampamento em uma floresta no meio do nada. A intenção dos dois é passar o réveillon neste local, e quem já assistiu a qualquer filme com esta premissa sabe que essa é a receita infalível para um bom thriller. Duas outras histórias são contadas simultaneamente, usando este recurso para encaixá-las em certo do ponto do longa. Uma delas é a da família da jovem Em (Tiarnie Coupland), que está com seu pai Rob (Julian Garner), sua mãe Margaret (Maya Stange) e seu irmãozinho, ainda bebê, acampando no mesmo lugar que Sam e Ian.
Em, então, decide não ir a um passeio até as cachoeiras com seus pais, um erro que a conduz ao encontro com o terceiro núcleo, o dos psicopatas German (Aaron Pedersen) e Chook (Aaron Glenane), que são os personagens com mais camadas no enredo. A relação de German e Chook começa ordinária e vai ficando mais complexa durante o filme. Chook é mais impulsivo e German mais racional. Aaron Pedersen explicita os desejos do personagem, em contraste com seu medo de voltar à prisão, de forma esplêndida.
Voltando ao casal inicial, é impossível não falar de Sam. A atriz Harriet Dyer faz um trabalho sensacional no desenvolvimento de sua personagem. Sam começa uma mulher apaixonada, que está empolgada com o fato de seu namorado, um futuro médico, estar querendo se casar. Ela, na hora do desespero, desponta para o oposto disso tudo e, mesmo com toda preocupação e empatia que a personagem carrega, consegue ser a figura mais forte e tenaz do filme.
Ademais, os atores são conhecidos, em sua maioria, por papéis em produções australianas. Cumprem suas funções, convencem muito bem e não deixam a peteca cair, mesmo nos momentos mais pesados. Para quem é fã do gênero de terror com grande dose de violência, O Acampamento pode agradar. Caso o contrário, pode sair do cinema bastante impressionado.
Damien Power e seu longa não desapontam na tensão, apesar da grande dose de cenas apelativas e gráficas demais. É o tipo de filme que qualquer detalhe prévio pode acabar com a experiência completa. Uma sugestão é ir assistir sem ver o trailer antes, que infelizmente peca em revelar demais.