Young Sheldon | A nova aposta da CBS para atrair os fãs de “The Big Bang Theory”
The Big Bang Theory pode não ser mais um sucesso de crítica, mas continua, em sua 11ª temporada, uma das maiores audiências da TV aberta dos Estados Unidos. Entre os responsáveis pela longevidade da comédia está Sheldon Cooper, o protagonista e personagem mais conhecido da série e, talvez, da TV, que rendeu diversos prêmios Emmy ao seu intérprete, Jim Parsons. Com tanto sucesso e repercussão, demorou 11 anos para a CBS resolver apostar na ideia de um spin-off da série, mas esse dia chegou. Contando as aventuras vividas por Sheldon em sua infância no Texas, Young Sheldon traz o clima do final dos anos 1980 e propõe mostrar como a personalidade única de Sheldon sempre trouxe problemas a ele desde criança, ou melhor, problemas aos outros, pois Sheldon vai muito bem, obrigado.
Jim Parsons marca presença como narrador, e causa até uma sensação estranha ouvir seus comentários e piadas sem uma risada de auditório logo depois. Ainda assim, sua narração tem um propósito de explicar e situar o espectador na vida do jovem Sheldon (Iain Armitage). Seria desnecessário, mas o efeito cômico proporcionado pela narração do Sheldon adulto gera sim boas risadas e também aparenta ser algo temporário e discreto, que não deve continuar nos próximos episódios.
Conhecemos melhor a família de Sheldon, sua mãe Mary (Zoe Perry) tem uma relação com o filho que lembra muito o que vemos em Forrest Gump: defende sua cria contra tudo e contra todos, mesmo percebendo a singular personalidade do filho. Outros personagens ainda precisam justificar a que vieram, pois não passaram do esteriótipo: George (Lance Barber), o pai cansado; George Jr. (Montana Jordan), o irmão mais velho “raivoso”; e Missy (Raegan Revord), a irmã mais nova que rouba a cena com seus comentários sinceros sobre o irmão prodígio.
Diferente de The Big Bang Theory, que raramente aborda questões mais dramáticas, Young Sheldon tem um certo ar melancólico. Por ser uma criança, Sheldon sofre mais – mesmo sem perceber – do que na fase adulta, quando já é independente e pouco se importa sobre o que pensam dele. A personalidade do jovem Sheldon é a mesma vista na série original, porém um pouco mais inocente. Podemos dizer que o Sheldon mirim ainda é mais bondoso do que o adulto, mas é engraçado pensar como Sheldon, na verdade, sempre foi uma criança em se tratando de comportamento.
Dirigido por Jon Favreau (Mogli – O Menino Lobo), a série conta com cores vivas que lembram os filmes de Sessão da Tarde, principalmente por contar com um colégio entre os cenários importantes. O diretor sabe brincar com a comédia ao trazer uma série de primeiros planos para mostrar o medo de Sheldon de sair na rua, por exemplo, e a edição com cortes ágeis mantém um ritmo narrativo que entretém sem cansar. Talvez uma “Sessão da Tarde” em série seja uma boa definição para esta jornada na infância de um dos cientistas mais famosos da TV.
Em suma, Young Sheldon é uma série leve e divertida, focada no público família, o mesmo que assiste The Big Bang Theory. A audiência do episódio piloto foi gigante, mas é cedo para afirmar que estamos diante de um novo sucesso. Os roteiristas sob a asa de Chuck Lorre terão que apresentar scripts que, de fato, mostrem como a infância de Sheldon é uma história que merece ser contada e que não estamos diante de um derivado que apenas quer surfar na onda de seu produto original.
Quem é fã de Big Bang vai gostar. Até mesmo quem já largou a série há um tempo, como é meu caso, pode se divertir ao revisitar este personagem que não conquistou fama à toa. Quem procura distração encontrou sua série nesta Fall Season 2017/2018, até porque como bem disse Missy, irmã de Sheldon, é para isso que serve a TV, ou pelo menos é para isso que serve Young Sheldon.