Crítica | A Menina Índigo
A Menina Índigo é o novo filme do diretor Wagner de Assis, responsável pela adaptação cinematográfica do famoso livro Nosso Lar. É importante fazer este link já que a história que você está prestes a conhecer possui uma grande conexão com o lado espiritual de nossas vidas e trata de uma parte essencial do nosso futuro: as crianças. Em nossa sociedade atual, cujas informações viajam na velocidade da luz e tudo se torna obsoleto muito rápido, algumas coisas acabam passando despercebidas, ou não são tratadas da maneira correta. Muitas crianças recebem rótulos de hiperativas ou incorrigíveis, mas na verdade é necessário ter um novo olhar para entender essa nova geração.
Sofia, interpretada pela igualmente cheia de personalidade Letícia Braga, é uma menina alegre, inteligente e, como dirão na escola, diferente. Seus pais, interpretados por Murilo Rosa e Fernanda Machado, estão separados e sempre que se encontram discutem bastante, o que incomoda e magoa terrivelmente a filha. Ela começa a enfrentar problemas na escola a partir do momento que decide que não quer mais frequentar o lugar. Claro que esse fato gera uma polêmica enorme com a pedagoga do colégio, que logo generaliza Sofia e diz que tudo não passa de um jogo para chamar a atenção dos pais. Com as vidas muito atribuladas pelo trabalho e devido à falta de comunicação e sinceridade entre os pais, fica cada vez mais difícil para eles lidarem com a menina e uma solução está longe de aparecer.
A garota, no entanto, tem certeza do que está fazendo e sabe exatamente onde é o seu lugar: junto de sua família. Ela manifesta seus sentimentos através da pintura e cria quadros belíssimos, pinta com a alma e, por conta disso, não se contenta com pequenas telas ou um simples pedaços de papel. O mundo todo é a tela em branco de Sofia e ela pretende dar muitas cores a ele. Desta forma, a direção de arte do longa colabora com essa ideia usando tons claros e pastéis em todo o cenário e figurino, representando a seriedade do mundo adulto em que seus pais vivem. Aos poucos, esse cenário vai se modificando e Sofia deixa sua marca de cor em todos os cantos da casa, nas roupas e nos corações das pessoas. O diferente de Sofia, na verdade, é especial. Ela possui uma sensibilidade tão elevada que é capaz de sentir quando uma pessoa está mal ou doente, possui também a capacidade de cura. E é esse elemento que gera polêmica.
A questão das crianças índigo e também cristal pode ser relacionada com uma questão espírita, que explica que os espíritos que reencarnaram na geração atual possuem auras de cores diferentes e que simbolizam a mudança. A rebeldia de Sofia e sua sensibilidade são marcas das crianças índigo, que vêm ao mundo com a missão de revolucioná-lo e torná-lo melhor. Não é necessário ser de nenhuma religião ou ter fé em nenhuma crença para perceber o qual evoluídas algumas crianças de hoje em dia são. Percebemos isso na maneira como se portam, como falam e pensam.
A revolução de Sofia vem através das cores e das artes, mas há muitos modos de mudar o mundo. Esse filme só retrata um caso. Não se trata aqui de uma história real, mas sim de toda uma geração que deve ser tratada com muito carinho e não simplesmente taxada de hiperativa ou inadequada por não se encaixar em um sistema que já deveria ter se transformado. São elas as responsáveis por essa mudança, e é importante que sejam compreendidas e que tenham o apoio e o amor de suas famílias.
A Menina Índigo é, portanto, um filme de natureza bem simples que reverbera em seu cenário e enredo. Não há nada de extraordinário nas atuações e os trejeitos exagerados de Sofia ao pintar condizem exatamente com sua personalidade extrovertida. Acreditando ou não que a menina é de fato capaz de curar os outros, a grande mensagem que o longa quer deixar para que acreditemos é a de que é possível construir um mundo melhor quando nos dermos conta de que nossas ações ecoam nos outros e no planeta, e que se praticarmos o bem, ele se espalhará.