Crítica | A Vilã
Depois de seu interessante thriller Confissão de Assassinato (2012), o diretor sul-coreano Byung-gil Jung esmiúça ainda mais o tema da vingança que permeou seu trabalho anterior, só que desta vez em um eletrizante filme de ação. Já nas primeiras tomadas, o diretor demonstra a habilidade de criar tensão com cenas coreografadas que misturam a linguagem dos games com os planos-sequência, ditando desde a cena de abertura – que muito lembra Oldboy – todo o ritmo do filme.
A história gira em torno de Sook-hee, que desde de pequena fora treinada para ser uma assassina profissional. Sua obstinação e sede de sangue vêm de seu passado traumático, no qual viu seu pai ser violentamente morto por um desconhecido. Ela jurou vingança, mas não imaginava que fazia parte de uma trama muito maior de conspirações e assassinatos. Neste filme, é importante que o espectador se mantenha sempre atento devido à combinação de vários flashbacks da protagonista em diferentes épocas – no início é difícil identificar o que é presente e o que já aconteceu, principalmente porque Sook-hee sofre uma mudança de nariz, tornando ainda mais complicada a tarefa de reconhecê-la. Aos poucos, no entanto, vamos pegando o ritmo do longa e conseguimos acompanhar e juntar as peças deste enredo.
O título do filme – A Vilã – não se justifica em nenhum momento, já que vamos aprendendo com os flashbacks que, em muitos momentos, Sook-hee foi a vítima e que todos os duros acontecimentos de sua infância e adolescência a transformaram nessa mulher casca-grossa, mas não sem sentimentos. É claro que a protagonista possui um lado mais “humano” e, principalmente por estar grávida, tem o instinto feroz e maternal de proteger sua adorável filha – mais uma referência a outro renomado filme, desta vez Kill Bill. Vale ressaltar que mesmo que A Vilã tenha tido como inspiração tantos filmes já renomados, não perde sua qualidade. Isso fica claro nas cenas de luta, que assim como na franquia de John Wick (interpretado por Keanu Reeves), são coreografadas utilizando câmera lenta e enquadramentos inusitados, sem falar na abundância de sangue, elementos essenciais que resultam em cenas ao mesmo tempo belas e perversas.
A Vilã só não merece avaliação impecável porque o roteiro exagera na intriga praticamente shakespeariana entre Sook-hee, o pai, o ex-marido e o homem que tenta conquistá-la. Os sentimentos da protagonista em relação ao provável assassino de seu pai ficam presos a uma história um tanto confusa, com um desfecho que parte dos espectadores pode rejeitar. Apesar disso, quem gosta de ação vai terminar o filme tão entorpecido pelas várias cenas de luta que não irá se importar com as pontas soltas no roteiro… E poderá também ir se preparando para a sequência que virá em 2019.