Crítica | Boneco de Neve
Mais um best-seller chega às telonas em sua adaptação cinematográfica. Desta vez, é a obra Boneco de Neve, do autor Jo Nesbo, que trará os suspenses e os dramas do detetive Harry Hole para as salas de exibição. Na trama, diversas mulheres são assassinadas brutalmente, e em todos esses casos há algo em comum: um boneco de neve localizado próximo à cena do crime. Com a ajuda de Katrine (Rebecca Ferguson), o detetive precisa resgatar casos antigos que estejam relacionados a eles e evitar que o serial killer faça sua próxima vítima.
Apesar do bom desempenho da versão literária, a adaptação de Tomas Alfredson se prejudica no raso desenvolvimento dos personagens. Harry (Michael Fassbender), o protagonista que nos livros carrega partes importantes da trama, no filme é apenas mais um. O detetive tinha recursos para que sua progressão na história fosse bem conduzida, mas vemos pouco disso ao longo da narrativa. O alcoolismo e sua relação com Rakel (Charlotte Gainsbourg), sua ex-namorada, poderiam ter tido mais espaço. Katrine também não é bem conduzida no roteiro, e muitos detalhes acabam passando tão despercebidos que mal se encaixam no contexto geral.
Boneco de Neve tem muitas histórias paralelas e particularidades mal aproveitadas. E por ser um thriller, espera-se que o suspense e a tensão sejam os carros-chefes da narrativa. No entanto, o resultado é o contrário. O longa não se esforça para ambientar o espectador a ponto de inquietá-lo na poltrona. É um filme objetivo, que não conduz o público à aflição presenciada por seus personagens. As ações simplesmente acontecem sem nenhuma antecipação, o que não condiz com a proposta de produções do gênero.
A pena de ver o resultado tão abaixo das expectativas é que Harry Hole renderia muitos materiais bons para a grade de suspenses cinematográficos. A série de livros de Nesbo conseguiria explorar outros casos do detetive em novas projeções, e ainda que seu fim desenhe para uma possível sequência, Boneco de Neve não deixa muitas chances para que isso ocorra. Pelo menos não com sucesso.
No panorama completo, o roteiro do longa merecia uma construção mais elaborada. A resolução do caso do serial killer ganhou uma justificativa sem nexo algum, o que a fez parecer ter sido vinda de um sorteio aleatório. A condução não foi nem um pouco surpreendente, sendo, muitas vezes, desconexa. Isso é algo que não permite que a fotografia bem utilizada das paisagens naturais da Noruega e o bom elenco que a trama carrega consigo sustentem o filme por si só. E, possivelmente, nem seu público nas salas de cinema.