Crítica | Natal em El Camino
El Camino é uma cidade relativamente tranquila. Tirando os casos de traficantes de metanfetamina, a polícia local não precisa enfrentar muitos casos graves em seu dia a dia. Exceto nesta véspera de Natal.
Eric Roth é um homem que chega à cidade na tentativa de buscar seu pai. No entanto, o turista acaba despertando a desconfiança da enferrujada polícia de El Camino, que há muito tempo não encara a criminalidade local. Para Carl Hooker e Billy Calhoun (Dax Shepard), o novato é um traficante querendo aumentar o mercado – e uma chance de resgatar a credibilidade dos tiras. Kate Daniels é uma mãe solteira que precisa lidar com o fato de seu filho de cinco anos ainda não falar. No meio disso tudo, também temos Larry (Tim Allen), um alcoólatra que, atormentado pelo seu passado, vive sem muitas perspectivas sobre seu futuro.
Da forma mais aleatória possível, essas pessoas se veem presas em uma loja de conveniências onde a verdade não soa tão libertadora quanto deveria. E quanto mais eles tentam consertar as coisas, pior a situação se torna. As conclusões precipitadas dos policiais gera um caso muito maior do que havia necessidade. E tal movimentação atrai a atenção da jornalista Beth Flowers (Jessica Alba), que pretende usar a notícia como alavanca para subir na carreira.
Ao contrário do que pode se pensar, Natal em El Camino não é uma comédia ou um daqueles pastelões natalinos que estamos acostumados. A produção é apenas uma história que, por acaso, se passa na véspera de Natal. O drama também se destaca mais do que a veia cômica. Boa parte das risadas são arrancadas pelo desastre que Billy e o xerife Bob Fuller causam em torno do caso. Larry também gera os principais momentos divertidos da narrativa.
A veia leve que o filme carrega até o segundo ato se deixa ser levada em troca da carga dramática. As revelações e resoluções já esperadas pelo público são entregues sem muito esforço, mas com eficiência. No entanto, quem fica perdida nessa história é Jessica Alba. Beth Flowers não acrescenta nada além de mais um nome de peso para o elenco da trama. As aparições da personagem são breves e sem muita relevância para o conflito principal.
Natal em El Camino não se dedica a sair da zona de conforto das resoluções óbvias e as escolhas fáceis acabaram prejudicando o desenvolvimento da trama, que conta com pouquíssimos plots capazes de surpreender seu público. O elenco também tem grande peso na produção e as atuações são, na maioria, boas.
O original da Netflix não é digno de premiações, mas também não é um desastre. A boa construção dos personagens e os quiprocós que geram o conflito principal conseguem prender a atenção do espectador em sua 1h30 de duração. De longe, não é um filme imperdível, mas a solidez com que a trama é desenvolvida certamente valoriza o que a produção tem de positivo.