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Crítica | Três Anúncios Para um Crime

Três Anúncios Para um Crime conta a história de uma mãe que quer justiça pela morte de sua filha, estuprada há um ano e meio e depois assassinada, já que a polícia local parece ter dado o caso como encerrado e sem encontrar o culpado. Mildred, interpretada pela maravilhosa Frances McDormand (Moonrise Kingdom), questiona o chefe de polícia sobre o que houve com o caso do assassinato de sua filha, colocando a pergunta nos três outdoors que se localizam do lado de fora da cidade.

Claramente estamos falando de um filme com uma mensagem forte, já que nos traz uma história bastante familiar, infelizmente, e muito bem feito tecnicamente. O longa tem umas peculiaridades lindas no seu roteiro e umas surpresas boas também, como é o caso do personagem de Sam Rockwell, que faz o policial Dixon, bastante característico de cidades pequenas. E o que falar do chefe de polícia Willoughby (Woody Harrelson)? Acusado de largar o caso da filha de Mildred, amado por toda a cidade e sua família, Willoughby tenta explicar à mãe inconformada que não conseguiu provas para acusar ninguém e que seu trabalho não anda sendo fácil devido ao fato de estar com câncer.

Muitas cenas nos levam a comprar a briga da personagem de McDormand de maneira inteira, mas temos que lembrar que nem tudo é preto no branco. Como muitos dos amigos dela e alguns na cidade, temos que ver os dois lados da moeda e não nos deixar guiar por extremos, como acusar a pessoa errada. Na reviravolta do roteiro, o filme nos apresenta duas surpresas, e uma delas nos faz crer novamente na esperança de que dias melhores virão. Dias em que adolescentes poderão ir e vir sem ter que sofrer violência no meio da rua e que até mesmo pais divorciados não precisam se odiar tanto após o fim de um relacionamento.

Três Anúncios Para um Crime cativa, nos joga verdades cruas na cara, mas termina amortecendo as dores da realidade de maneira interessante e intrigante. O filme tem uma fotografia incrível e as atuações dos protagonistas são ótimas, tanto que Frances McDormand ganhou premiações importantes por sua Mildred durona e inconformada. Mas temos que admitir uma coisa, os três outdoors na saída de Ebbing, Missouri, passam uma mensagem que muitos de nós às vezes queremos pôr: até quando tudo isso vai acontecer e por que ninguém faz nada para mudar esta realidade? Sinceramente, Martin McDonagh entrega aqui uma obra magnífica… E ouso dizer: o seu melhor roteiro e direção também.