Mosaic | Narrativa preguiçosa prejudica nova aposta da HBO
Desinteressante! Uma palavra objetiva, capaz de resumir de forma prática o fraco primeiro episódio da série exibida pela afamada emissora. A trama, vendida como revolucionária e criativa, foi fortemente afetada para o espectador brasileiro a partir do momento em que o aplicativo interativo da série não foi disponibilizado por aqui.
Em contrapartida, espectadores americanos ávidos por essa nova experiência tiveram a disponibilização do download desde novembro do ano passado, ato que conferiu maior interatividade pelo simples fato do app permitir coordenar a ordem cronológica dos eventos, bem como o desfecho dos mesmos, possivelmente concedendo uma maior coerência sobre o que foi apresentado.
A história, eficaz em prender o espectador com um início sagaz, chega apontando em detalhes o que seria o possível autor de um hediondo assassinato. Entretanto, uma viagem de quatro anos no passado revela a vítima Olivia Lake (Sharon Stone) como uma célebre escritora infantil e solitária à espera de alguém que consiga fazê-la voltar a sonhar.
Com isso, Joel (Garrett Hedlund) desponta em tela, indicando ser o primeiro affair inserido na construção da peça. O jovem artista, doido para ser reconhecido profissionalmente, passa a morar com a mulher, que desde o início demonstra ter segundas intenções com a proposta feita a ele. Todavia, uma namorada surge repentinamente, despejando um balde de água fria na hipotética relação.
Rejeitada e sozinha, Olivia é facilmente seduzida por Eric Neill (Frederick Weller), um golpista contratado por Michael (James Ransone) com o objetivo de convencer ela a se desfazer do magnífico imóvel em que vive. Aos poucos, vamos nos aprofundando na depressiva vida desta personagem, definida pela existência de pontos clichês prontos para estragarem o quase bem-sucedido clima de mistério elaborado.
O roteiro escrito por Ed Solomon (Truque de Mestre) revela ser construído de modo objetivo e inteligente, com frases que propiciam um maior teor de complexidade em cena. A firme direção do premiado diretor Steven Soderbergh (The Knick) realça essa perspectiva, incluindo em um único episódio dúvidas sobre quem seria o nefasto delinquente. Contudo, esse caminhar progressivo se prejudica à medida que a história se perde em meio aos momentos, desmotivando o público que espera ir além do que está sendo ilustrado.
Com um primeiro episódio morno, Mosaic terá que se esforçar para conseguir conquistar um público, que se pergunta se a narrativa virtual atingiu uma qualidade superior ao contexto retratado. Resta agora aguardar o desfecho dos acontecimentos para que, então, seja possível julgar se essa primeira impressão neutra foi um equívoco ou, de fato, uma verdadeira perda de tempo.