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Crítica | Pantera Negra

Desde seu anúncio, Pantera Negra gerou altas expectativas para os fãs de filmes de super-heróis. E não era para menos: Guerra Infinita está prestes a chegar reunindo os maiores nomes do Universo Marvel nos cinemas – incluindo o próprio Pantera Negra – e também por tudo o que o longa solo de T’Challa seria capaz de proporcionar já antes de seu lançamento nas telonas.

Para entender isso melhor, não precisa pensar demais. Afinal, em uma Hollywood majoritariamente branca, fazer um filme de alto orçamento cuja maioria do elenco é negra, é um importante ato de militância. E é justamente com sua lista de nomes de peso no time de atores, unida à direção consistente de Ryan Coogler, que Pantera Negra se garante.

Na trama, acompanhamos a história de T’Challa, que após a morte de seu pai – apresentada previamente em Capitão América: Guerra Civil – assume o trono e se torna o novo Rei de Wakanda e, consequentemente, o novo Pantera Negra, a figura protetora dos Wakandianos. No entanto, com o retorno de um antigo inimigo, T’Challa precisa provar seu poder como rei e Pantera Negra, bem como os respectivos segredos que a comunidade de Wakanda carrega consigo há anos.

De um modo geral, Pantera Negra é um filme com uma identidade forte. A influência africana no contexto da narrativa, indo desde a incrivelmente detalhada direção de arte ao idioma falado pelos personagens em determinados momentos, reafirma a importância cultural e política do filme, que diversas vezes se mascara como uma alegoria para garantir algumas alfinetadas relacionadas ao conturbado histórico do colonialismo e o presente questionável onde muito se discute sobre a brutalidade com que comunidades negras são tratadas ao redor do mundo.

Além disso, o longa de Coogler se mantém com uma forte característica dos filmes da Marvel ao intercalar drama e comédia no roteiro – ainda que de maneira um tanto forçada em alguns momentos. Por outro lado, a projeção consegue sustentar seu herói num embate contra um vilão carismático, convincente e com objetivos coerentes e bem estruturados na narrativa – o que sabemos que tem sido um dos maiores desafios da Marvel com relação a seus vilões.

E o interessante é percebermos que as motivações de Killmonger não passam despercebidas pelo protagonista estrelado por Chadwick Boseman. A causa do vilão, ainda que seja imposta a partir de métodos contraditórios, é concisa e desmistifica a ideia de que filmes de heróis tenham que se basear apenas em cenas de luta, ação e irrealismo ao trazer debates bastante atuais para o ponto central de sua narrativa.

Como dito acima, o elenco também reforça a boa execução do longa como um todo, principalmente as mulheres. A representatividade feminina é um dos pontos fortes do filme. Seja nos momentos de ação estrelados principalmente pelas guerreiras Nakia e Okoye, interpretadas por Lupita Nyong’o e Danai Gurira, ou nas sequências high-tech comandadas por Shuri, a irmã de T’Challa vivida por Letitia Wright, o longa não hesita em deixar as mulheres brilharem.

O resultado da união de todos estes fatores torna Pantera Negra um filme ousado e com características únicas, sem perder o seu contexto de filme do Universo Marvel. Os acontecimentos do longa já nos trilham para o que ainda está por vir em Guerra Infinita, e a julgar pelo que foi visto na trama da origem do pseudônimo de T’Challa, as expectativas só tendem a crescer.