Crítica | O Destino de Uma Nação
Indicado a seis Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator para Gary Oldman, O Destino de Uma Nação (Darkest Hour) é um longa-metragem britânico dirigido por Joe Wright (Desejo e Reparação, Orgulho e Preconceito). O filme narra a história de Winston Churchill (1874-1965) quando este assume o posto de primeiro-ministro britânico no ano de 1940, em pleno período mais crítico da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Na ocasião, o exército nazista dominava a maior parte do continente europeu. Diante da pressão interna por decisões corretas, Churchill tem que provar que é possível resistir ao invés de aceitar um acordo de paz com os alemães.
O Destino de Uma Nação é um típico drama histórico britânico, que geralmente sempre se destaca em premiações como o Oscar. Na história recente, a academia já premiou O Discurso do Rei, que no caso contava a história do Rei George VI, coadjuvante dessa vez. Com roteiro de Anthony McCarten, roteirista de A Teoria de Tudo, outro drama histórico britânico premiado pela Academia, O Destino de Uma Nação apresenta uma visão humanizada de um dos ícones da Segunda Guerra Mundial.
Brilhantemente interpretado por Gary Oldman (O Espião que Sabia Demais), o roteiro apresenta um Churchill de início antipático e grosseiro, que faz a pobre Srta. Layton – Lily James (Em Ritmo de Fuga) -, sua funcionária, sofrer com suas exigências, sendo alguém que parece só ser controlado pela esposa Clemmie – Kristin Scott Thomas (O Paciente Inglês) -, mas tudo isso é um pano de fundo explorado ao longo do filme. Churchill é assim, pois o contexto não é dos mais simples: com a Grã-Bretanha em sua situação mais crítica, ele tem que provar ser o homem certo para liderar o país em guerra, porém enfrenta oposição de todos os lados, no parlamento e dentro de sua equipe de governo, além da desconfiança do Rei George VI. Oldman apresenta uma interpretação impressionante, não só fisicamente, mas detalhista em mostrar o conflito interno de seu personagem em cada fala, cada ação, ao mesmo tempo em que está convicto de como proceder na guerra, mesmo diante de tanta desconfiança.
Centrado exclusivamente na figura de Churchill, O Destino de Uma Nação não deixa espaço para coadjuvantes se destacarem, sendo um filme carregado por Oldman, que deve levar a única estatueta, apesar do design de produção e figurinos sofisticados, como é de se esperar de uma obra de teor histórico como esta. A direção de Joe Wright não é das mais ousadas, o diretor abusa dos travellings combinados com uma boa trilha sonora para dar mais dinâmica a planos com monólogos impactantes, além de introduzir o público no clima sufocante do parlamento inglês. A única exceção é uma cena carismática em que o líder pega um metrô sozinho para trocar uma ideia com o povo sobre os rumos da guerra. Se é exagero ou não, fica a critério de cada um, entretanto a cena funciona na narrativa do filme, que não tem obrigação e nem poderia reproduzir a realidade, mas sim representá-la.
Sem ousadia no roteiro e na direção, O Destino de Uma Nação não se torna uma experiência memorável. Com exceção da atuação de Gary Oldman, que destoa das demais qualidades do longa, temos uma obra que procura enaltecer uma figura histórica, reforçando valores como a persistência e a esperança, mas que não chega a emocionar. Fosse outra época, seria forte favorito ao principal prêmio da Academia, porém, atualmente, a indicação a Melhor Filme já é mais do que merecida.
Fica a dica fazer uma dobradinha e assistir também Dunkirk. Juntos, os dois filmes mostram diferentes pontos de vista sobre um mesmo evento marcante da Segunda Guerra Mundial. O Destino de Uma Nação concorre nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Design de Produção e Melhor Maquiagem e Cabelo no Oscar 2018.