Arrow | 6×18 – Fundamentals
A sexta temporada de Arrow começou com uma equipe de vigilantes trabalhando junta para combater o crime. Com o passar do tempo essa equipe diminuiu, voltando a uma formação que não víamos há muito na série, e agora em Fundamentals é o personagem principal trabalhando completamente sozinho, coisa que não acontece desde os primeiros episódios. Nostalgia é sempre bom, mas a intenção aqui é claramente mostrar a evolução do personagem principal, e seria bom se o que foi visto neste capítulo acontecesse mais vezes.
Um problema que Oliver Queen enfrenta desde sempre na série é a ausência de uma evolução clara e permanente em sua personalidade. O personagem já passou por altos e baixos, e no meio de tudo isso nós assistimos vários arcos de desenvolvimento que um tempo depois acabaram sendo completamente ignorados e depois refeitos de outra forma. A impressão é que o Arqueiro Verde sempre volta para trás e isso faz com que o público tenha uma enorme dificuldade em se interessar muito por ele. Oliver Queen foi a origem de todas as séries da DC que estão hoje na televisão. Sem ele nada existiria, mas ao mesmo tempo ele sempre foi um dos personagens mais mal explorados entre todos.
Fundamentals parece tentar ir na direção oposta desses problemas. O episódio começa brincando justamente com isso: mostrando ao público um Oliver que literalmente volta às suas origens, inclusive voltando a usar o uniforme antigo, e entra em conflito com policiais para caçar Diaz. E quando já era quase possível se decepcionar com mais esse retrocesso, nós descobrimos que tudo o que ele está fazendo de errado neste episódio se deve ao fato de que ele foi drogado.
Essa ótima ideia foi feita para deixar claro que de fato o personagem mudou, o que além de ser bom por si só ainda funciona como ferramenta para deixar as acusações de Diggle mais coerentes para o público. É verdade que essa segunda parte não vai convencer quase ninguém, mas pelo menos mostra um esforço em tentar fazer com que a bagunça que foi esta temporada faça mais sentido. Já com relação à evolução do Oliver, essa solução do roteiro funciona bem, porém de forma temporária. Se o Oliver realmente mudou, está na hora de vermos ele de fato crescer um pouco mais. É bom não ter que ver mais dilemas morais sobre matar ou não os inimigos, mas este episódio foi apenas o primeiro passo, e para tudo dar certo é preciso que daqui para frente haja consistência.
Mas já que o episódio foi todo focado em desenvolver o personagem, o que falar sobre o que vimos do Oliver Queen em Fundamentals? O que vimos aqui uma das melhores e mais consistentes atuações do Stephen Amell desde o começo da série. O ator já teve bons momentos em cenas pontuais ao longo dos anos, mas desta vez o episódio inteiro exigiu muito dele e o resultado foi convincente. Falem o que quiser dele, mas da forma como o personagem é escrito ele se encaixa bem e consegue convencer com frequência, e aqui foi com certeza um de seus melhores momentos.
Apesar da qualidade, esse não foi o show de um homem só. Todos os membros do elenco que tiveram algum destaque o usaram bem. Quentin foi o que mais se destacou: a evolução do seu personagem e da sua relação com os outros ao longo das temporadas é um ótimo exemplo de que os roteiristas acertaram em algumas coisas ao longo dos anos (mesmo que com alguns escorregões). Outro grande destaque foi Adrian Chase. A volta inesperada do personagem foi ótima e conseguiu deixar tudo ainda mais interessante. Prometheus realmente faz falta como vilão, mas pelo menos ele foi bem aproveitado na série.
Com uma sequência inicial que com certeza entra para a lista de melhores cenas de ação da temporada, mostrando um claro desenvolvimento do bom personagem principal e com boas atuações de todo o elenco, Fundamentals foi um dos melhores episódios do sexto ano da série. Isso pode parecer pouco elogio em uma temporada de nível tão baixo, mas a verdade é que Arrow finalmente entregou um capítulo realmente intenso e interessante sem ser forçado. Tomara que isso se repita até o final.