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Arrow | 6×23 – Life Sentence

Conturbado. Essa é uma boa palavra para definir o sexto ano de Arrow. Desde antes de começar, a série já tinha um grande obstáculo: manter as expectativas depois de uma ótima quinta temporada, e isso seria difícil mesmo se não tivessem acontecido problemas no decorrer desta, mas infelizmente esses problemas aconteceram. Depois de um começo promissor, e de alguns péssimos momentos no meio, Arrow precisava terminar bem de qualquer forma e isso até aconteceu, mas não da forma que o público esperava.

Falando ainda em palavras que servem de definição, existem duas que não funcionam bem para este episódio: surpresa e épico. Isso pode parecer péssimo para um episódio final de temporada, que tem como função prender o público para o ano seguinte, mas os roteiristas de Arrow conseguiram entregar algo diferente e novo para a série. A primeira parte dessa novidade foi a falta de uma surpresa, e isso se deu pelo fato de que praticamente tudo o que aconteceu era previsível. Todos sabíamos que a identidade do Arqueiro não seria mais secreta depois de ele ter se revelado para a agente do FBI e também ninguém ficou surpreso com o fato de que o vilão da temporada foi derrotado no episódio final. O que foi importante aqui, e que impediu que esse final fosse ruim, foi a forma como tudo foi executado.

É aí também que entra o fato de que a palavra “épico” não se aplica ao episódio. Nós não tivemos um grande confronto final, o que faria sentido depois de tantas conversas sobre o fato de que o Diaz tinha um exército, mas sim uma vitória esmagadora por parte dos heróis. Diaz perdeu seu poder, praticamente todos envolvidos com ele foram presos e tudo isso aconteceu sem a já esperada batalha campal do fim da temporada. Pela primeira vez os roteiristas resolveram focar nos personagens ao invés da luta e o resultado foi bom.

Pensando então nos personagens que receberam atenção no episódio, é justo falar primeiro da “família” Lance. A morte de Quentin foi extremamente impactante no primeiro momento. O personagem cresceu extremamente bem ao longo da série e tinha um lugar ali dentro. Ele funcionava bem, seja como inimigo, como alguém precisando de ajuda, e, principalmente, como amigo e conselheiro. Depois de ter evoluído tanto, ele, que não era um dos vigilantes, tinha dois caminhos a seguir: se reinventar e apresentar algo novo ou simplesmente sair da série. A segunda opção foi a escolhida e, por mais que seja triste ver o excelente Paul Blackthorne saindo da produção, é fácil entender o motivo de isso ter acontecido.

Já a Laurel é uma situação diferente. Comentei anteriormente que a melhor forma para a personagem se redimir seria matando Diaz no final. Se a ideia era fazer com que todo esse arco confuso envolvendo ela e Quentin se tornasse um caminho de redenção, então ela precisava ser importante no final e se vingar daquilo que o traficante fez com ela. Ao invés disso, Laurel não só foi a vítima, mais uma vez, mas também foi a responsável pela morte do “pai”, já que ela só estava presa por causa do plano estúpido que tentou colocar em prática, e também foi aquela que efetivamente salvou Diaz (apesar da “boa” intenção). Vai ser difícil convencer o público de que a Black Siren merece perdão e que ela ainda pertence à série sem o Quentin do lado, seria muito mais fácil simplesmente tirar a personagem. Pena que isso não vai acontecer.

Os Lance são um bom exemplo do tanto de tempo que foi gasto investindo nos personagens, mas eles não são o único. Dinah, Rene e Curtis também mostraram um lado mais interessante de suas personalidades, especialmente os dois primeiros. A forma como eles foram escritos neste episódio é justamente como deveria ter sido sempre, sem o fracasso que foi o confronto entre os heróis, mas ver todos finalmente agindo como adultos foi muito bom. E o fato de que todas essas cenas envolvendo o tour de despedida do Oliver também foram muito bem atuadas ajuda bastante o roteiro.

Mas não teve ninguém que mostrou mais crescimento nesses momentos do que o próprio Oliver. O Arqueiro Verde sofreu vários ataques ao longo da temporada – e eu não me refiro a socos e chutes -, e ver que o personagem aparentemente aprendeu com tudo o que ouviu de todos que o abandonaram é muito bom para o espectador. A questão agora é torcer para que esse desenvolvimento não seja esquecido, mas o personagem realmente foi o ponto central desse season finale e isso funcionou muito bem. Talvez o melhor exemplo seja sua reconciliação com Diggle. Oliver e John são a dupla original da série, ver que os dois são capazes de superar os problemas que tiveram é ótimo. Muita coisa deve mudar no próximo ano, a amizade entre eles não poderia deixar de existir num momento como este.

E falando na sétima temporada: o que realmente nos espera? Arrow deixou dois cliffhangers muito importantes: a identidade de Oliver foi definitivamente (ou pelo menos assim espero) revelada e Diaz é o primeiro vilão a não ser completamente derrotado na passagem de um ano para outro da série. E mais, não só ele voltará como também trará algo interessante dos quadrinhos: os Longbow Hunters. Essa é uma das histórias mais aclamadas do Arqueiro Verde, e se for bem adaptada pode trazer resultados incríveis.

Life Sentence marca o fim de uma temporada que foi boa, quando olhamos friamente para tudo o que aconteceu, mas que poderia ter sido fantástica. Os erros no meio do caminho foram muito grandes, mas o começo bom e o final forte ajudam a média geral deste ano. A série encerra bem seu sexto ciclo e deixa como promessa um futuro incerto e muito diferente de tudo o que já foi mostrado. O que faz muito sentido, se os fãs estão descontentes prometa mudanças e melhoras, mas o que importa é se essas promessas serão cumpridas. O que pode ajudar os roteiristas é que dessa vez as nossas expectativas estarão bem mais baixas do que no ano passado.