Fora de Cena | Pulp Fiction – Tempo de Violência
Quentin Tarantino já havia mostrado a que veio com o ótimo Cães de Aluguel, mas foi com Pulp Fiction – Tempo de Violência que ele ficou marcado como um dos grandes diretores da sua geração. Já nas primeiras sequências conseguimos compreender o porquê. Durante o seu lançamento, o filme chocou o mundo do cinema pela violência, mas o público mais atento percebeu que estava diante de uma experiência diferenciada.
Pulp Fiction trouxe à década de 1990 uma visão absolutamente diferente do que o público estava acostumado, sendo o segundo longa intitulando, na época, Tarantino como diretor. Cães de Aluguel conquista admiradores até hoje com seu poder de persuadir o espectador, dando o privilégio da imaginação, mas Pulp Fiction superou as expectativas e se tornou um ícone pop do cinema.
O contexto do filme não-linear nos faz mergulhar em histórias diferentes ao mesmo tempo. Lembro-me que a primeira vez que assisti ao longa não entendi o propósito do casal que assalta a lanchonete no início, muito menos o de Butch, mas conforme a história vai caminhando e nos conduzindo cada vez mais profundamente, nós vamos conhecendo um pouco mais dos personagens, criando afeição por eles e entendendo seu propósito. Sem contar a maneira incrível que tudo se encaixa no final.
Que Tarantino é um gênio do cinema todos sabemos, talvez você não goste dele e nem de Pulp Fiction, mas você provavelmente reconhece o valor deste filme para o mundo cinematográfico. O casting é incrível, contando com Uma Thurman, John Travolta, Samuel L. Jackson, Bruce Willis, Christopher Walken e o próprio Quentin Tarantino. Cada um desenvolveu seu papel de forma icônica, trazendo características que compuseram personagens que permanecem até hoje.
Desde 1994 até os dias de hoje, muitos rumores surgiram sobre a história do filme e sobre alguns objetos que não tinham um explicação completa. Um exemplo é a mala que Vincent Vega (John Travolta) e Jules (Samuel L. Jackson) vão buscar no apartamento dos meninos já no início do longa. Quando Vincent abre a maleta, uma luz brilha sobre ele, mas nós nunca vimos o que continha nela. O próprio Tarantino quis deixar isso para o espectador. Alguns dizem que são os diamantes de Cães de Aluguel, outros dizem que são drogas… O fato é que nunca saberemos com certeza.
A trilha sonora é tão incrível quanto o roteiro e as demais linguagens da produção. Cumpre seu papel em cada segundo, elas conduzem as cenas e nós somos conduzidos cada vez mais através delas. A escolha perfeita de “You Never Can Tell” (Chuck Berry) para a dança de Mia Wallace e Vincent Vega no concurso de twist ou “Girl, You’ll Be a Woman Soon” (Urge Overkill), enquanto Mia espera Vincent sair do banheiro, dão tempo suficiente para quase causar uma tragédia, literalmente. Ou até mesmo a incrível “Misirlou” (Dick Dale), enquanto a Honey Bunny (Amanda Plummer) e o Pumpkin (Tim Roth) assaltam a lanchonete logo no início do filme. Cada música traz uma sensação diferente em cada cena, tudo friamente calculado.
Cada frame deste ícone traz um turbilhão de histórias por trás, não é à toa que foi super premiado e é lembrado até hoje. Tarantino se supera a cada ano, cada filme dele é absolutamente diferente, mas ao mesmo tempo traz a sua personalidade. Pulp Fiction é um marco no cinema moderno, serve como inspiração e é merecido.