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Crítica | Do Jeito Que Elas Querem

Desde que chegou pela primeira vez no topo dos mais vendidos ao redor do mundo, o livro Cinquenta Tons de Cinza gera opiniões diversas. Amado por uns e odiado por outros, a trilogia da autora E. L. James ganhou proporções ainda maiores com suas adaptações cinematográficas, ainda que estas não tenham sido tão bem-sucedidas quanto as versões literárias.

E é resgatando esse burburinho causado pelas histórias apimentadas de Christian Grey e Anastasia Steele que o filme Do Jeito Que Elas Querem, estrelado por Jane Fonda, Diane Keaton, Candice Bergen e Mary Steenburgen, chega às telonas prometendo tirar singelas risadas de seu público com sua narrativa típica de se assistir em uma tarde de quarta-feira.

No filme, a dinâmica do clube do livro de quatro amigas de longa data muda radicalmente quando a indicação literária da vez é o primeiro livro do best-seller de E. L. James. E ao passo que as personagens vão se afeiçoando à trama do Sr. Grey, cada uma delas passa por seu próprio “game changer“, de forma que se permitam à liberdade de encarar as mais variadas e particulares situações que lhes cabem. E, de quebra, ainda consegue sacudir a percepção até mesmo dos mais jovens com relação a elas.

Este é o caso de Diane (Diane Keaton), que após a morte de seu marido é vista pelas filhas como alguém extremamente vulnerável e necessitada de atenção 24 horas por dia. Ao aproximar-se do piloto interpretado por Andy Garcia, a personagem permite-se ter voz ativa perante à família e mudar o rumo de sua trama – literalmente. Outro exemplo disso é Sharon, que vivida por Candice Bergen enfrenta os medos e anseios relacionados à pressão de encontrar um novo amor através das redes sociais 18 anos após seu divórcio. Seu arco se desenvolve como uma quebra dos paradigmas de que as tecnologias servem apenas para os jovens, mas sabendo rir das situações inusitadas que a introdução ao mundo digital ocasiona para as gerações anteriores que ainda estão se adaptando a elas.

O interessante do longa é a forma com que ele conseguiu dividir levemente quatro narrativas distintas e de fácil conexão com a audiência, conseguindo, assim, atrair todos os públicos. E, apesar de seu elenco feminino ser de peso com nomes já reconhecidos pela indústria há anos, Do Jeito Que Elas Querem não exige muito de suas atrizes principais. Por um lado, isso pode ser visto como um desperdício de elenco, visto que com a mesma premissa e elenco o resultado poderia ter sido bem superior ao que realmente foi. Por outro, fica a questão: pra quê?

Fonda, Keaton, Bergen e Steenburgen já alcançaram seus devidos lugares em Hollywood e não precisam provar mais nada a ninguém, e a produção do longa reconhece isso ao deixar perceptível para a audiência que, para elas, tudo aquilo não passava de diversão. E, honestamente, a fórmula funciona. A química das quatro em cena já supera qualquer expectativa, sendo mais do que o suficiente para agradar o público – ainda que a trama em si não cause tanto impacto em quem assiste.

O filme, como um todo, permite-se ser divertido e leve, mas sem grandes pretensões. Ele entretém no tempo em que acontece sem gerar tanto apego a ponto de estender isso para depois do fim. No fim das contas, Do Jeito Que Elas Querem trata-se de um típico filme de sessão da tarde: nem um pouco imperdível, mas, se estiver passando, por que não?