Falando Sobre… | Below Her Mouth
A história de Dallas (Erika Linder) e Jasmine (Natalie Krill) não tem nada de inovador, inclusive chuto dizer que é um dos maiores clichês do mundo lésbico: a mulher hétero e casada que se apaixona pela lésbica pegadora e descomprometida com seus casos amorosos. Quem já viu The L Word pode notar a semelhança entra as personagens de Katherine Moennig e Erika Linder, porém essa questão de dyke e tomboy é abordada como algo bem diferente no diálogo que vemos no filme. Algo que trouxe um certo alívio para mim, pelo menos, já que estamos falando de pessoas e, além dos gêneros, ainda existem os subgêneros e os rótulos nas mentes mais tradicionais. “Eu só queria que ela me deixasse ser eu mesma“, desabafa Dallas sobre sua mãe.
Mesmo tratando de um clichê, o que me prendeu bastante ao roteiro do filme é o fator de que leva-se um tempo para que as personagens se apaixonem, algo nada Hollywoodiano, e também a aceitação de sua sexualidade. Muitas das cenas de sexo explícito deixam filmes como Azul é a Cor Mais Quente no chinelo – inclusive pela química perfeita entre as atrizes, que rola não apenas neste tipo de cena como também nas em que suas personagens não estão falando nada, apenas se abraçando ou se olhando.
Jasmine e Dallas passam pelos perrengues de um casamento hétero, pelo medo de se entregar à paixão e às limitações de um relacionamento – algo que também lembra muito a websérie RED. Claramente, assim como nas cenas de sexo, podemos ver a todo instante os sentimentos das duas à flor da pele, o que não faz as atuações serem ruins. E, no final, que poderia ser óbvio para alguns – o que não foi o meu caso –, as personagens romantizam o natural: a continuação de um romance com início super turbulento e incerto, mas com aquela pequena deixa no ar: será que deu certo mesmo?
O filme traz uma história legal, é bem feito tecnicamente – palmas para a direção de fotografia, principalmente em alguns closes – e faz o tempo passar sem você terminar com aquele sentimento de arrependimento. Obviamente não é uma obra-prima e nem o melhor filme com esta temática, contudo é assistível e não traz nada melodramático e enjoativo demais.