Once Upon a Time | 6×14 – Page 23
Page 23 foi um dos episódios mais difíceis de avaliar desde a volta do hiato. Trazendo bons momentos e boas ideias, a história que vimos foi interessante e conseguiu agradar. Mas a execução apresentou problemas e a insistência em dramas desnecessários prejudicou um episódio que mesmo longe de espetacular poderia ter sido bem melhor.
Finalmente tivemos a conclusão da história da Rainha Má, e isso foi ótimo. A personagem já não tinha muito futuro mesmo, então foi bom deixarem apenas uma Regina em Storybrooke. Dar para a grande vilã da série um final feliz foi uma boa ideia, mas a melhor parte foi ver como a Regina se desenvolveu no meio de tudo isso. Houve críticas em relação à forma como ela havia sido descaracterizada durante seu relacionamento com Robin, uma personagem tão complexa e interessante pareceu ter sido reduzida a alguém que se encaixava no antiquado conceito de que a mulher tem que casar para ser feliz. Colocar o final feliz previsível e clichê como fim da história da Rainha Má fez com que a Regina se libertasse dessa noção, ela agora pode ser feliz sozinha, e parece que no meio de tudo isso essa informação não passou despercebida por ela.
Infelizmente nem tudo foi perfeito. A execução do enredo envolvendo as duas partes da mãe do Henry deixou bastante a desejar, especialmente no confronto entre as Reginas. Eu entendo que a série não tem condições de bancar muitos efeitos e uma luta longa envolvendo magia poderia ser muito difícil e sair muito caro. Mas precisava fazer com que a luta entre elas fosse tão sem graça? Um confronto de espadas? Sério? Quantas vezes isso já aconteceu na temporada? Mesmo algumas partes do diálogo foram fracas e preguiçosas, sem nada novo. Todo e qualquer impacto gerado pelo embate entre elas veio exclusivamente da capacidade da Lana Parrilla e da forma como ela entende e representa bem essas personagens.
E enquanto isso se desenrola, o Capitão Gancho continua sofrendo com seu segredo. E honestamente deveria ter continuado assim. A forma como a Emma descobriu tudo estando acidentalmente na hora e no local certos chega a dar raiva de preguiçosa que é. E mais do que isso, a interação que se seguiu entre os dois foi bem ruim. Difícil acreditar que aquela seria de fato a reação da personagem depois de tudo que os dois passaram juntos (ela foi para o inferno atrás do cara, pelo amor de Arceus!). Outra situação onde a capacidade da atriz, nesse caso da Jennifer Morrison, foi a única qualidade do momento.
Falando em falta de qualidade, o Gideon infelizmente deu as caras no final do episódio, e justamente para ser usado como ferramenta dos roteiristas para afastar o casal Emma x Gancho. Não sei onde os roteiristas pretendem chegar com isso, se de fato o casal chegará ao fim ou se no final ela o perdoará e tudo ficará bem, mas de qualquer forma todo esse plot é um erro bem grande.
Ideias boas executadas muito mal, ideias ruins que conseguem ser um pouco mais toleráveis por causa do elenco talentoso e dramas desnecessários e sem nada a oferecer. Tudo isso compôs Page 23, e é uma pena que qualidade e consistência não sejam palavras presentes nesta segunda metade da temporada, porque o episódio poderia ter sido muito bom. O final feliz para a Rainha Má teve uma cara de fanservice bem grande, e foi realmente ótimo ver uma personagem tão relevante e interessante se dando bem (mesmo que seja uma vilã). Pena que não foi o bastante para tornar esse episódio melhor. De nada adianta ter boas ideias e executá-las mal, de nada adianta ter um ótimo elenco e entregar para eles um roteiro e falas sem nenhum ponto inovador. No final, OUaT pareceu tentar agradar os fãs explorando bem a maior vilã da série, mas só conseguiu mostrar para todos que parar não seria uma má ideia.