RuPaul’s Drag Race | 9×04 – Good Morning Bitches
Estamos passando por sérios problemas nesta temporada. Não é só a falta do mini challenge para escolher líderes de time, que foi algo sempre feito no decorrer desses nove anos do reality, mas sim a edição bem mal feita que andam fazendo. Não estamos conseguindo criar empatia pelas queens que estão competindo nesta corrida de drags. O foco sempre da edição de agora é só mostrar as brigas que elas têm, não como está sendo a preparação para tal desafio ou como transformam suas roupas para o desfile final. Se a gente não as ver tendo momentos de fraqueza, superando isso e se tornando algo melhor (ou as vezes não), não conseguimos criar um elo para torcermos para qualquer uma delas.
A gente consegue torcer pela Valentina, que aparece toda hora durante a edição mesmo quando não faz nada além do normal. Alguém tem dúvida de que ela é uma Top 3 no final da temporada? Conseguimos também não gostar da Aja ou Eureka, que aparecem só quando estão falando mal de alguém ou de alguma situação, sendo que claramente elas não são só isso. De resto, de quem dá para lembrar e que a edição faz jus à drag apresentada?
Vale ressaltar que essa é a temporada com menos queens carismáticas, e isso ajuda muito a não criar algum laço com alguma delas e torcer além das que mais aparecem durante toda a edição do programa. Cynthia só aparece para falar “cucu”. Farrah, Alexis, Sasha e mais algumas são totalmente esquecidas no churrasco e só vão ser o foco quando forem eliminadas, caso não cheguem à final. E foi o que aconteceu com Charlie desta vez.
A drag mais velha desta edição não foi destaque quase em momento algum, a não ser quando teve um desempenho fraco no episódio dois, mas nem foi muito de aparecer também. Neste episódio tivemos um momento mais bonito com Charlie, quando ele contou que por volta dos anos oitenta/noventa a Aids estava “em alta” pelos homens gays e muitos desses morreram por conta de não se ter um esclarecimento maior sobre a doença. Foi lindo quando algumas das meninas foram apoiar Charlie num momento frágil de seu desabafo e é isso que queremos ver principalmente nesta temporada.
É importante para pessoas LGBTs que passaram situações complicadas em suas vidas por apenas serem quem são se verem representadas e que “tá tudo bem”, você pode superar tudo que está passando no momento e uma hora vai ficar tudo bem. Precisamos que essas drags sejam humanizadas e não apenas parte de um programa de competição, que mostrem que são pessoas reais, com problemas reais iguais aos de todos nós, que enfrentamos tantas coisas. Isso sempre foi o que fez o show de RuPaul ser especial e interessante, além de ser uma competição de drags. E por enquanto isso está muito em falta.
Bom, o desafio da semana foi dividido entre dois grupos: um liderado por Trinity, por ter vencido o desafio da semana passada, e o outro por Aja, por ter sobrevivido ao bottom 2. Cada qual com seu grupo, elas tinham que apresentar seus respectivos programas matinais: o “Not On Today” e o “Good Morning Bitches“.
O “Good Morning Bitches” foi claramente superior ao do segundo grupo e com claro destaque para Shea e Sasha, que foram totalmente engraçadas e no tom que deveriam, tirando o “sarro” dessas partes comerciais que todo programa tem. Farrah e Alexis foram bem na medida, não foram ruins e não foram sensacionais como a dupla anterior, mas fizeram o trabalho que lhes fora designado. Apesar dos pequenos problemas com a dupla Valentina e Aja, nada ocorreu de tão grave para serem as piores da noite.
Já o “Not On Today” foi bem doloroso de se assistir, tanta coisa ruim junta! Só se salvou a parte de Eureka e Nina, que claramente foram possuídas pelo espírito de Bela Gil substituindo os produtos por alguma comida.
Cynthia tentou ao máximo se sobressair para não ir tão mal, mas Charlie não tinha salvação alguma. Totalmente apática e sem vida durante todo o processo do programa. Trinity foi aquele meh bem grande porque nada ali tinha graça, e Peppermint só errava, mas ela tem um baita carisma que faz a gente até não ligar para os problemas.
O tema da runway dessa semana foi “Naughty Nights“. Para o time “Good Morning Bitches” não tem nem o que comentar, pois estavam todas praticamente iguais, só diferenciando a cor e tamanho da peruca e os looks de cores diferentes. A única diferença ali foi Aja, que aparentemente só sabe fazer uma make pesada e dessa vez ela não se preocupou nem em fazer um contorno no rosto.
Por mais que nem todos os looks do time “Not On Today” possam ter sido bons, havia uma diferenciação entre cada um ali. Trinity estava belíssima com seu picumã volumoso e Charlie parecia uma boneca. Cynthia, Eureka e Nina eram as que mais “fugiam” um pouco da casinha do tema da noite e nem por isso estavam ruim, mas com destaque para Nina sendo totalmente ousada. Porém, como Alexis disse no Untucked, toda make dela não parece bem acabada e já venho percebendo isso desde o episódio um. Peppermint não tem nem o que defender. Parece que foi dormir com a roupa da balada da noite anterior, que nem era bonita, e ela amanhece ainda pior.
Sem surpresas, o time “Good Morning Bitches” venceu o desafio. Pela primeira vez na temporada o grupo todo venceu, mas os destaques foram Sasha e Shea. Do outro grupo, Trinity, Peppermint e Charlie foram consideradas as piores por RuPaul, fazendo com que Charlie e Trinity dublassem pelas suas vidas.
Antes de comentar essa porcaria de lipsync, precisamos falar de um assunto sério que vem assombrando Drag Race: A MALDIÇÃO DE BRITNEY SPEARS. Tudo isso começou lá na primeira temporada, quando BeBe Zahara Benet dublou contra Ongina a música “Stronger“, trazendo o primeiro lipsync épico que abriria portas para outros em Drag Race. Porém, RuPaul não pode manter as duas e, então, uma delas teve de ser eliminada.
Foi aí que tudo começou a dar errado quando o assunto era uma dublagem de alguma música da princesa do pop. Na quarta temporada o primeiro lipsync foi “Toxic“, quando Alisa Summers enfrentou Jiggly Caliente e a primeira queen citada foi totalmente fora do contexto da música, enquanto Jiggly vivia para dublar aquilo. Porém, um dos looks mais horrorosos da temporada tiraram nossa atenção. No quinto ano de Drag Race assistimos a pior batalha de dublagem já feita no programa: Vivienne Pinay vs Honey Mahogany, que se enfrentaram dublando “Oops!… I Did It Again” e foi algo terrível de se ver.
E chegamos à temporada nove e tivemos a dublagem de “I Wanna Go” em que Charlie, com a desculpa de “não sou uma drag de dublagem”, pagou micão ao não fazer nada além de mexer a boca durante toda a música, enquanto Trinity arrasava cada vez mais (era praticamente um show solo da Trinity). Charlie entrou numa competição e no primeiro deslize já desistiu, isso foi totalmente ridículo.
Você até pode falar que “ela não precisa se provar para ninguém”, mas olha, a partir do momento em que ela entrou num reality de competição, precisa sim. Ela foi lá para isso, tanto por RuPaul quanto pelo público, que vota no seu favorito lá na final. Não tem vontade ou tem dúvida? Não vai, pois assim você não tira o espaço de alguém que queira estar. É muito fácil julgar as bonitas que vão ao programa e não sabem costurar, mas quando a outra diz que não sabe dublar, vai lá e a defende. Como diria Tatianna: CHOICES.
E então fica o questionamento: alguém tem dúvidas de que dublar uma música da rainha das dublagens do pop é uma maldição para o reality? É com essa pergunta que eu termino a review. Nos vemos na próxima semana!