Crítica | Guardiões da Galáxia Vol. 2
Um longa sobre família e sua importância para o indivíduo. Muito se fala sobre a famigerada “fórmula Marvel” em seus longas, que o estúdio já estabeleceu uma maneira de conduzir e apresentar para o espectador, porém o que vemos neste Guardiões da Galáxia Vol. 2 é o diretor James Gunn contar uma história familiar travestida de um mix de soap opera com sci-fi, novamente regado por um visual deslumbrante e colorido, e claro, uma trilha sonora empolgante e da melhor qualidade.
No longa, reencontramos os Guardiões após salvarem a galáxia “defendendo” os Soberanos, um povo geneticamente perfeito e governado pela alta sacerdotisa Ayesha (Elizabeth Debicki), de serem roubados por uma criatura interestelar. Após um incidente causado por Rocky (Bradley Cooper), eles despertam a fúria destes e começam a fugir, e quando pensam quer tudo está perdido uma misteriosa nave os salva da morte iminente. Mas quem seria o comandante? Somos então apresentados a Ego, o pai perdido de Peter Quill (Chris Pratt), um ser que já vive há eras, se apaixonou por uma humana e teve um filho com ela.
Esse encontro entre pai e filho e as relações entre os Guardiões é o cerne da aventura de autoconhecimento que cada um desses personagens passa ao longo das 2h17 de projeção. O roteiro cuida muito bem ao evidenciar as características peculiares de cada um (a cena de abertura retrata isso de forma impagável) e em apresentar a evolução deles.
Ao contrário dos demais longas do Universo Cinematográfico da Marvel, Guardiões da Galáxia Vol. 2 não apresenta ao espectador a ameaça a ser combatida pelos “heróis”, mas sim reforça as relações interpessoais e as explora ao máximo, seja em cada descoberta de Peter em relação ao seu recém-conhecido pai, a eterna rixa entre as irmãs Nebula e Gamora, nas novas amizades que surgem, como Rocky e Yondu, e Mantis e Drax.
Por não procurar se encaixar na intricada colcha de histórias do MCU, Guardiões consegue ser fluído em sua trama e tem muitos destaques – com certeza um dos maiores fica por conta de Dave Bautista e o tom cômico que ele consegue imprimir em Drax. Suas interações com Mantis (Pom Klementieff) são divertidíssimas e “destruidoras” (segura essa referência). Além disso, existe um certo drama no arco de Rocky e no seu desenvolvimento que pode até tirar lágrimas do espectador mais desavisado. Por último, mas não menos importante, está toda a graciosidade e fofura do Baby Groot, que consegue hipnotizar, cativar e dominar a tela de maneira surreal.
Guardiões da Galáxia Vol. 2 não é melhor que seu antecessor, mas executa de forma excelente tudo aquilo a que se propõe: diverte e cativa com suas cores e sua trilha sonora, traz uma série de easter eggs espalhados por toda a projeção, tem participações especiais incríveis e, sem sombra de dúvidas, apresenta a cena mais memorável de Stan Lee em todas as suas aparições no MCU.
P.S.: Fique na sala até o final dos créditos, primeiro porque eles são nada menos do que espetaculares, cheios de movimentos e referências aos anos 1980, e em segundo porque James Gunn foi generoso e colocou CINCO cenas durante e pós-créditos!