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Festival de Cannes 2017 | “Gabriel e a Montanha” ganha prêmios de Revelação e Distribuição

O longa brasileiro Gabriel e a Montanha, dirigido por Fellipe Barbosa, recebeu dois prêmios nesta quinta-feira (25) no Festival de Cannes. A coprodução entre Brasil e França, que foi exibida no último domingo, 21 de maio, na Semana da Crítica, levou o prêmio France 4 Visionary Award, oferecido ao diretor pela obra “que mostra a paixão e o entusiasmo de um novo talento da indústria cinematográfica”, e o Gan Foundation Award For Distribution, dado à distribuidora francesa para alavancar a distribuição do filme na França.

Estou muito feliz e muito emocionado com essa conquista e esse reconhecimento. A gente teve o prêmio Revelação concedido pelo nosso conterrâneo Kleber Mendonça Filho e o prêmio de um outro júri que nos dará um apoio de distribuição na França. O filme nasceu de uma forma gloriosa. Parecia que não podia ficar melhor, tivemos uma recepção muito emocionante aqui em Cannes“, comemorou Fellipe Barbosa.

O prêmio de Revelação da Semana da Crítica oferecido pelo canal France 4 é realizado pela quinta vez no Festival de Cannes. Os vencedores anteriores foram Sofia’s Last Ambulance (2012), de Ilian Metev; Salvo (2013), de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza; The Tribe (2014), de Myroslav Slaboshpytskiy; Land and Shade (2015), de César Augusto Acevedo; e Album (2016), de Mehmet Can Mertoğlu.

São dois prêmios importantíssimos por tudo o que representam. O prêmio Revelação dado pela France 4, especialmente numa mostra como a Semaine de la Critique, dedicada à descoberta de novos cineastas, é sensacional e só comprova o talento promissor e em ascensão do diretor Fellipe Barbosa“, disse Rodrigo Letier, produtor-executivo da TvZERO, uma das produtoras do longa. “E o segundo prêmio, dado pela Fundação Gan para a distribuição do filme na França, é essencial para assegurar que o filme tenha um grande lançamento por lá. Ficamos especialmente contentes por ganhar esses dois prêmios numa disputa tão acirrada, com filmes de altíssima qualidade“, completou Letier.

Da esquerda para a direita: Manuela Picq Lavinas, Leonard Siampala, Fellipe Barbosa e João Pedro Zappa em Cannes. Foto: Divulgação

Gabriel Buchmann, que tem sua história retratada no longa, viajou para a África com o objetivo de analisar de perto a pobreza e se qualificar para um doutorado em políticas públicas na UCLA. Gabriel morreu de hipotermia, em 2009, após decidir subir o Monte Mulanje, pico mais alto do Malawi com mais de três mil metros de altitude, sem a companhia de um guia. Seu corpo foi encontrado dias depois na subida da montanha. O longa tem roteiro baseado em anotações, e-mails de Gabriel para a mãe e a namorada e entrevistas com pessoas que cruzaram seu caminho na África.

Ao longo da viagem, Gabriel, interpretado por João Pedro Zappa, se aventura por outras subidas difíceis, como o Kilimanjaro, ponto mais alto do continente africano. Ele também recebe a visita de sua namorada, Cris (Caroline Abras), que estava na África do Sul participando de um seminário sobre políticas públicas e, juntos, viajaram pela Tanzânia e Zâmbia. O principal objetivo do pesquisador era avaliar a miséria de perto.

Este é o segundo longa-metragem de ficção dirigido por Fellipe Barbosa, que esteve à frente do elogiado Casa Grande (2014), ganhador do prêmio do público no Festival do Rio. Na competição de longas-metragens, a Semana da Crítica do Festival de Cannes, que este ano teve Kleber Mendonça Filho como presidente do júri, tem a tradição de selecionar cineastas com seus primeiros ou segundos longas.