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Game of Thrones | 7×01 – Dragonstone

Desde a première da quarta temporada que uma estreia de Game of Thrones não tirava tantos sorrisos e arrepios de mim. Quando atores e showrunners prometeram um show que não precisaria mais se esconder atrás de desenvolvimentos por vezes arrastados e deslocados, eles não estavam para brincadeira. Dragonstone já abre dando continuidade à vingança de Arya contra os Frey, e com uma cold open dessas não tem como esperar nada menos que um espetáculo na hora seguinte. Em seu excelente retorno, a série pontua de forma louvável para onde seguirão os três monarcas de Westeros na Grande Guerra contra o Rei da Noite, sem nos deixar piscar um minuto sequer.

A princípio somente Winterfell e as casas do Norte parecem interessadas nas informações que o Rei Jon tem sobre o ataque em Durolar. Fica claro que pelo menos nesta penúltima temporada acompanharemos a cruzada dos nortenhos para fazer Westeros não só lembrar, como também acreditar que os relatos da Longa Noite, que agora enchem os livros proibidos da Cidadela dos Meistres, um dia foram reais. Eu sou suspeito quando falo em mitologia, porque para mim qualquer obra de fantasia relevante precisa de um alicerce que seja capaz de deixar uma marca no gênero. As Crônicas de Gelo e Fogo são riquíssimas nessa construção mitológica de universo, e ver Game of Thrones abraçar cada vez mais esse lado da obra original é recompensador.

O melhor de tudo é que a série não deixa de lado o seu viés político e dramático ao pender para esse lado. A prova está nos diálogos inspirados desta première, que conseguem não só dar voz para os personagens coadjuvantes que aprendemos a amar e odiar ao longo dos anos, como também os transforma em figuras tridimensionais. Vejam, por exemplo, como Jaime e Sandor Clegane dividem dois dos momentos mais humanos do episódio, sendo que já chegamos a considerá-los monstros um dia. Jaime inclusive age numa rima belíssima com Sansa ao servir de voz da razão para irmã na mesma toada que a jovem Stark também o faz com o seu irmão em Winterfell. É também genuinamente emocionante o pequeno momento que Arya divide com uma tropa de jovens soldados Lannister. Todos eles ainda humanos, a despeito de qualquer atrocidade que possam um dia terem cometido em nome da casa a qual respondem.

Pela primeira vez em toda a série, Cersei aparenta tomar cuidado ao fazer uma aliança e acho importante a rainha ter os dois pés atrás com o ainda misterioso Euron Greyjoy. O tio de Theon promete um presente para cair nas graças dos Lannister e eu só consigo imaginar em algo relacionado à Ellaria Sand e suas filhas. Afinal, foi ela a responsável pela morte de Myrcella. Euron é o único que tem uma frota capaz de subjugar Dorne, que está no extremo oposto de Pedra do Dragão, ou seja, Ellaria e as Serpentes não dispõem da proteção de Daenerys e seus dragões. Previsões à parte, eu gostei de termos visto mais de Euron, mas fiquei com a impressão de estar vendo um personagem totalmente diferente daquele apresentado no ano passado.

A chegada silenciosa de Daenerys no lugar onde ela nasceu pode ter arrepiado pela estética e possibilidades, mas não foi muito além disso. Felizmente, todos estarem em Westeros significa que não teremos que perder mais tempo com causas que não dão em lugar nenhum Meereen e, com isso, fiquei realmente surpreso que até Sor Jorah já se encontra nos Sete Reinos. Os roteiristas sabiamente também já criam uma justificativa aceitável para trazer Jon Snow até a Mãe dos Dragões com a mina de vidro de dragão descoberta por Sam. Se isso não é aparar as arestas e cortar a enrolação, eu não sei o que poderia ser.

Quem por ora fica no limbo, mas já se mostra cada vez mais confortável com sua nova posição e poderes, é Bran. Me lembro de teorias que por ter sido marcado pelo Rei da Noite, assim que o jovem Stark atravessasse a Muralha ela desmoronaria. Bem, não foi isso o que a gente viu, então já dá para descartar esse momento apocalíptico. Até porque parece que o Rei da Noite está buscando uma passagem por Atalaia Leste do Mar. O local é próximo ao oceano que banha a Muralha e que, além de ter sido mencionado no encontro em Winterfell, apareceu na visão de Clegane pelas chamas de Thoros.

Numa hora mais intimista e focada em futuros desdobramentos que prometem colidir mais cedo do que nunca, Game of Thrones retorna épica e poderosa como sempre. O inverno realmente chegou aos Sete Reinos e a gente é que ganha com isso. A Grande Guerra nunca esteve tão próxima, meus caros.

P.S.1: Mindinho não sossega até semear a discórdia em algum lugar. Gostei do corte que Sansa deu, e se ele não se cuidar vai acabar como Ramsay rapidinho… Para nossa alegria, claro.

P.S.2: Jesus, que cotidiano horroroso o de um jovem noviço na Cidadela. Coitado do Sam.

P.S.3: Brienne e Tormund?! Shippo muito!

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