Crítica | Transformers: O Último Cavaleiro
Em time que está ganhando não se mexe, certo? Provavelmente foi seguindo essa máxima popular que Michael Bay e os roteiristas e produtores de Transformers: O Último Cavaleiro decidiram ao definir o rumo do quinto longa da franquia bilionária estrelado pelos robôs da Hasbro.
A trama do longa se passa alguns anos após o final de A Era da Extinção, quando Optimus Prime desapareceu e a chave para salvar o futuro está enterrada nos segredos do passado, na história escondida dos Transformers na Terra. A esperança de salvar nosso mundo cai sobre os ombros de uma aliança improvável: Cade Yeager, Bumblebee, um lorde inglês e uma professora de Oxford.
O prólogo do filme que se passa durante o período medieval é razoavelmente interessante e mostra o Rei Arthur e seus cavaleiros esperando por uma solução mágica para vencer seus adversários. Entra em cena então uma versão canastra e bêbada do mago Merlin interpretada por um irreconhecível Stanley Tucci. A partir deste ponto descobrimos que os autobots estão na Terra há muitos anos, e o que parecia ser mágica na verdade era tecnologia alienígena.
Após esta introdução, somos levados de volta para os dias atuais, onde humanos e Transformers vivem em guerra e foi criada uma força militar especial para eliminar os robôs, até então parceiros. Aqui somos apresentados à sagaz e inteligente Izabella (interpretada pela simpática Isabela Moner), uma órfã que defende esses seres robóticos como se fossem sua própria família. Ainda no primeiro ato reencontramos Cade Yeager (Mark Wahlberg, atuando num piloto automático inacreditável), que agora lidera uma “resistência” pró-Transformers e se tornou um dos homens mais procurados do país.
Partindo de um fiapo de roteiro que não se sustenta, a partir do segundo ato vemos Michael Bay fazer o seu melhor e somos jogados em uma sequência de cenas com cortes excessivamente rápidos, câmera trêmula, explosões a toda hora e tudo isso no que parece ser um grande clímax que leva duas horas e meia para terminar. Além disso, é possível ver a obsessão que o diretor tem com a ex-protagonista da franquia, Megan Fox, uma vez que todas as atrizes que estiveram nos longas após a saída de Fox (Nicola Peltz e Rosie Huntington-Whiteley) lembram bastante o físico dela.
Os roteiristas do longa ainda tentaram criar uma história plausível para o sumiço de Sam Witwicky (Shia LaBeouf) e, como tudo ali, soa completamente descabida e sem função. Bem como a trama do personagem de Josh Duhamel, que volta à franquia para absolutamente nada. Além disso, Michael Bay aproveita para hiperssexualizar sua protagonista feminina interpretada por Laura Haddock em uma cena onde a personagem está em um momento com um figurino e, no seguinte, a colocam dentro de um vestido extremamente justo, no qual parece que a atriz foi colocada ali a vácuo apenas para cumprir a cota masturbatória.
Se existe algo bacana em Transformers: O Último Cavaleiro é ver Anthony Hopkins se divertindo como nunca (e possivelmente pagando uma reforma no banheiro), o visual dos Transformers que está bem melhor, inclusive é possível acompanhar as cenas de luta e saber quantos robôs estão envolvidos na briga, e também o uso das câmeras IMAX utilizadas nas filmagens do longa e que proporcionam imagens com qualidade diferenciada.
No fim das contas, o longa é extremamente cansativo, bem como seus três antecessores, contam com personagens que não cativam o espectador e nem fazem você se importar com eles ou com seus dilemas devido à fragilidade do roteiro e a incapacidade do diretor em extrair o melhor de seus atores, apenas visando as sequências de ação que são só mais do mesmo.