Crítica | Planeta dos Macacos: A Guerra
Após três anos de espera, chega aos cinemas a conclusão da saga da batalha entre duas espécies pela sobrevivência. Quem viu o último filme, Planeta dos Macacos: O Confronto, já sabia que uma guerra era inevitável e com certeza esperou ansioso por este filme que encerra a trilogia com chave de ouro, explicando a origem da incrível história que surgiu na década de 1970.
A situação da raça humana é bem precária e agora, mais do que nunca, o extermínio dos macacos sobreviventes é essencial. Surge então um grupo armado liderado por um impiedoso coronel (Woody Harrelson) obstinado a cortar o mal pela raiz matando César, que, apesar de estar velho, ainda é o líder dos macacos e o maior exemplo de força e união entre os símios. A floresta já não é um lugar tão seguro para se viver, então os macacos decidem ir em busca de um novo lar. O quadro se torna mais complicado quando, após uma emboscada, o coronel mata a esposa e o filho de César. Ao invés de ir com os demais para um novo local seguro, César decide buscar sua vingança, e junto dele estão seus mais fiéis companheiros: Rocket, Luca (o gorila) e Maurice (o orangotango).
O filme continua com a direção de Matt Reeves, que conseguiu não apenas manter o clima tenso no enredo mas também aumentá-lo. Já no filme anterior o contato entre macacos e humanos era complicado, agora é praticamente impossível que ele aconteça sem muita tensão e ou alguma morte. O diálogo que César tentou estabelecer e a convivência entre as duas espécies já não é mais possível e ele teve que aceitar essa realidade do modo mais duro. Somos mergulhados na tristeza e tensão em que todos os personagens – humanos e macacos – estão vivendo. A dualidade das personagens cresce, uma vez que existem macacos que lutam lado a lado de humanos, matando seus iguais e desrespeitando o maior lema de César, “macaco não mata macaco”, embora ele mesmo tenha feito isso com Koba – fato que o assombra.
Em suma, a complexidade das personagens cresce neste terceiro filme. Nada é tão simples quanto parecia antes e as decisões que todos precisam tomar são sempre muito difíceis e repletas de sacrifícios. O clima do filme é, no geral, bem pesado, mas há uma novidade, um macaco que se autodenomina Bad Ape (macaco mau), único sobrevivente de um zoológico que atua como um escape cômico. Seu jeito de falar e aparência são diferentes dos demais, já que viveu todo o tempo isolado.
Outra novidade que o filme traz é uma mudança no cenário, que foi bem-vinda. Não somos limitados apenas à floresta nem à cidade, agora na maior parte do tempo as personagens estão em lugares cobertos de neve, que faz um contraste interessante com os macacos, além de tornar impossível reconhecer onde exatamente se passa a história, deixando mais clara a ideia de que tudo foi de fato destruído.
Algo que podemos tirar de lição deste filme, ou até transformar em frase de efeito, é que nem sempre os humanos são os heróis, e você pode ter certeza de que César é sem dúvida um dos melhores personagens desse gênero. A atuação intensa de Andy Serkis é perfeita para seu personagem, que buscou a paz até o fim e só lutou quando não tinha outra opção. César é decerto movido por seus sentimentos e seus olhos sempre transbordantes – que mereceram cada close e comentário que tiveram ao longo de todos os filmes – revelam sua paixão pela vida, sempre determinado a salvar sua espécie. César é praticamente humano, entretanto é possível considerá-lo mais que humano, pois é bem mais nobre que todos eles e foi sempre fiel ao que acreditava. A saga desse herói chega ao fim e foi emocionante acompanhar cada passo da jornada.