She’s Gotta Have It | O reboot da obra de Spike Lee finalmente chega à Netflix
Se você conhece a obra de Spike Lee, com certeza já ouviu falar de Ela Quer Tudo. A premissa do filme é sobre Nola Darling, moradora do Brooklyn, Nova York, que vive em uma relação poliamorosa. Mas Nola é muito mais que isso na história de Lee e a série também transmite a mesma sensação. O primeiro episódio já nos faz gostar logo de cara da protagonista e de toda a vibe nova-iorquina que só uma obra assim proporciona.
Todos os elementos atuais estão presentes no seriado e os namorados de Nola são apresentados de maneira bem divertida enquanto a artista explora sexualmente toda sua juventude com os três, nos mostrando como é andar pelas ruas da Big Apple sendo cantada a todo momento. Enquanto seus namorados acham que são a melhor transa da vida dela, ela fuma, pinta retratos deles e tira foto das pessoas na rua de um jeito bem millennial. Pode-se dizer que a Netflix encontrou um suspiro de ar fresco no meio de tantos remakes e reboots que Hollywood vêm fazendo.
A primeira hora da série é leve, com algumas cenas de sexo, claro, porque estamos falando da Netflix, e também é de apresentação e identificação. Amigas e amigos da vida de Nola aparecem e demarcam sua personalidade para que falemos que “aquele personagem sou eu na vida” ou apenas se apegue a eles. Mas, assim como no filme, a vida da protagonista só parece ser fácil, afinal estamos falando de uma mulher negra no controle dela, algo que incomoda muita gente – até mesmo porque Darling não leva uma vida assim tão comum, com todos seus namorados, e a gente já sente aquele ar de julgamento em um deles logo no começo.
Uma das coisas mais legais de She’s Gotta Have It são as músicas. Se você for amante de uma boa música, esse é mais um ponto positivo do seriado. Algumas vezes, durante os intervalos de uma cena para outra, até aparece a capa de um álbum na tela, e foi muito legal por parte da produção não deixar nem esse elemento de fora do reboot. A série também trata de política, feminismo e, é claro, preconceito. Temos Trump, o eterno debate daquela palavra americana que começa com a letra “N” e até uma cena na qual um cara na rua tenta cantar e forçar Darling a fazer algo que ela não quer. E é em meio a este tom mais sério, que dá uma quebrada na felicidade iminente da protagonista, que a gente começa a entender mais sobre a premissa do novo show.
She’s Gotta Have It não decepciona em sua estreia, nem nos episódios que seguem a vida da artista poliamorosa. A militância da série é atual e bem dosada para que saibamos que uma protagonista forte e negra não precisa ser séria o tempo todo… E o nome dela é Nola Darling – paz e dois dedos!