Crítica | Jogos Mortais: Jigsaw
Acorde. Preste bastante atenção. Siga as regras. Jigsaw está de volta e quer jogar um jogo com você. Em Jogos Mortais: Jigsaw, acompanhamos a investigação em torno de uma série de assassinatos peculiares, cujas características são idênticas às do famoso serial killer John Kramer, morto há quase uma década. Todos os indícios apontam para um possível retorno de Kramer, mas as lacunas em volta do caso ainda são um mistério para a polícia. Afinal, estariam eles procurando por um homem morto ou há um imitador querendo manter o legado de Jigsaw?
Seguindo o padrão da série, Jogos Mortais: Jigsaw traz cinco novos jogadores, cada um deles com seus próprios demônios interiores que precisam enfrentar para se libertarem dos doentios jogos. O longa mantém o perfil de mostrar aos reféns uma perspectiva diferenciada das mentiras que eles contam para si mesmos e as consequências que carregam por acreditarem em cada uma delas. E conforme os jogos passam e ganham novas vítimas, a investigação em torno do retorno do serial killer aponta suspeitos bastante controversos, algumas vezes brincando com a inteligência de seu público, e outras, subestimando-a.
O longa mantém todo o conteúdo visceral característico da franquia, o que certamente agrada. Por outro lado, o roteiro é mais uma referência aos anteriores do que qualquer outra coisa. Afinal, estamos falando de sete filmes embalados pela mesma narrativa, inovar seria praticamente impossível. No entanto, ainda que seja mais do mesmo, não tem como não se envolver com a trama proposta. A projeção também abre espaço para a nostalgia através de um cenário composto pelas máquinas mais marcantes dos antecessores, como a clássica armadilha de urso usada por Amanda Young no primeiro filme.
Além disso, também temos o retorno de Tobin Bell na pele de John Kramer no longa e do famoso ventríloquo, Billy. A forma com que Bell foi reinserido na trama mesmo após a morte (ou não) de seu personagem foi bastante inteligente e bem casada com uma direção e edição muito bem trabalhadas. As motivações dos personagens, por sua vez, não surpreendem, principalmente se o espectador ainda tiver em mente as histórias passadas.
Por fim, mesmo sem entregar muitas novidades, Jogos Mortais: Jigsaw não decepciona. Apesar do sucesso, a franquia carrega, desde o sexto filme, a dificuldade de entregar produções inovadoras para a audiência e este é um peso que se mostra com menos força na produção de 2017. Contudo, as resoluções e justificativas apontam para uma nova fase dos jogos, o que torna um pouco ingênuo acreditar que este será, de fato, o último título da franquia.
Jigsaw não está morto. Seu legado é inegável, e enquanto houver seguidores das práticas do serial killer, ele viverá. Mas, apesar disso, Jogos Mortais: Jigsaw nos deixa claro os sinais de exaustão da série, indicando que talvez já esteja mais do que na hora de encerrar os trabalhos e encaixar de vez a última peça desse quebra-cabeças antes que o público desista de apertar o play.