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Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi

Escrito e dirigido por Rian Johnson, Star Wars: Os Últimos Jedi é, de longe, o filme mais esperado do ano. Depois do sucesso astronômico de O Despertar da Força, a nova trilogia da saga criada por George Lucas tem em seu segundo capítulo um amadurecimento, tornando personagens e trama mais complexas, contudo peca por não definir que história quer contar. Os Últimos Jedi tem estética própria e Rian Johnson imprime sua marca trazendo um filme como nunca visto antes na saga. Ao mesmo tempo que essa é sua maior qualidade, é também seu maior defeito, pois o longa descarta quase tudo o que O Despertar da Força começava a construir e deixa para J.J. Abrams a dura missão de trazer um desfecho interessante para essa nova trilogia, que, sejamos francos, poderia ter se encerrado neste episódio. Era só uma questão de alterar um ou outro detalhe no roteiro.

Os Últimos Jedi tem um plot bem diferente de todos os outros episódios. Sitiados pela Primeira Ordem (incrivelmente poderosa, de um jeito que faz a batalha final de O Retorno de Jedi parecer inútil), a Resistência comandada pela General Leia (Carrie Fisher) precisa urgentemente de um plano para escapar e garantir a sua sobrevivência a fim de um contra-ataque em algum outro momento. Desta forma, Finn (John Boyega) e a novata, mas muito carismática, Rose (Kelly Marie Tran) partem numa jornada para buscar um decodificador capaz de desativar o rastreador da Primeira Ordem. Enquanto isso, do outro lado do universo, Rey (Daisy Ridley) tenta convencer um rabugento Luke Skywalker (Mark Hamill) a treiná-la nos caminhos da Força enquanto resiste à influência de Kylo Ren (Adam Driver).

Sem entrar em detalhes da trama, Os Últimos Jedi tem uma direção excelente. Rian Johnson conseguiu criar um visual deslumbrante e poético para as batalhas e uma sequência com Leia ficará para sempre na memória dos fãs. A força está com o filme nos momentos nostálgicos e na simplicidade de encontros e reencontros, algo que talvez tenha faltado em O Despertar da Força. A fé na Força é a grande mensagem que segura o filme, o que também é uma qualidade ímpar deste Os Últimos JediJohnson também traz diversas referências, principalmente de O Retorno de JediA Vingança dos Sith, e é um ponto positivo, pois até a trilogia prequel tem seus bons momentos. Uma referência mais direta a Uma Nova Esperança alcança o ápice da nostalgia.

Os problemas do longa estão em não levar até o fim a ideia de tornar a trama mais complexa. O conflito de Luke sobre a necessidade da existência dos Jedi coloca em xeque a Ordem Jedi como nunca antes. Mas se Luke se recusa a ser uma lenda viva, Rey suplica para que ele seja, pois é isso que traz esperança aos oprimidos da galáxia. Ao mesmo tempo, o personagem de Benicio del Toro, DJ, expõe como não há vilões e mocinhos na guerra. Quebrar o maniqueísmo que marca a franquia e trazer uma ideia de equilíbrio e conflito entre o bem e o mal que todos passam dentro de si é algo muito interessante, porém essa ideia não resiste até o terceiro ato, quando então bem e mal ficam nítidos novamente, deixando pouca margem para surpresas no episódio final. Mas sabe-se lá o que J.J. Abrams pode inventar. Os Últimos Jedi também descarta grandes mistérios que O Despertar da Força plantou e exagera nas piadas, sendo constrangedor ver um humor pastelão em momentos que pediam mais emoção. Mas emoção não faltará, muito graças aos veteranos Mark Hamill e Carrie Fisher.

Os Últimos Jedi é uma experiência totalmente diferente em relação ao que Star Wars é e sempre foi, esse é seu maior mérito, mas também seu principal problema. Não apostar até o fim na proposta que pretendia construir cria um clímax previsível para um filme que parecia ser imprevisível. O clima arrastado e a demora para Luke “voltar ao jogo” também são coisas que não ajudam muito o desenrolar da trama. A cena final é a menos empolgante de todos os episódios da saga, mas vai de encontro com a ideia do diretor e de um sábio mestre Jedi, de que devemos apostar no novo. Essa talvez seja a grande mensagem de Os Últimos Jedi.