Crítica | A Bela e a Fera
Após o enorme sucesso comercial das adaptações e reimaginações em live-action de A Bela Adormecida, Cinderela, Mogli – O Menino Lobo e Alice no País das Maravilhas, muito se esperava da versão em carne e osso de A Bela e a Fera, um dos maiores clássicos da Disney e indicado ao Oscar de Melhor Filme em 1992. Com a confirmação de Emma Watson no papel da protagonista Bela, um belo elenco de apoio formado por nomes de calibre como Ewan McGregor, Stanley Tucci, Emma Thompson e Sir Ian McKellen, somados à nostalgia vinda da animação, resultou num longa mágico e atual.
A trama é essencialmente a mesma da animação de 1991, a jovem Bela (Emma Watson), moradora de uma pequena aldeia na França, vê sua vida mudar quando seu pai, Maurice (Kevin Kline) é capturado pela Fera (Dan Stevens) e decide entregar sua vida ao estranho em troca da liberdade dele. No castelo, ela conhece objetos mágicos, conhece um novo mundo e descobre que a Fera é, na verdade, um príncipe que precisa de amor para voltar à forma humana.
Dentre as diferenças entre a versão live-action e a animação, temos logo no início a construção de um ótimo prólogo que mostra como os defeitos da Fera foram responsáveis para que ele e seus empregados fossem amaldiçoados por uma feiticeira. Além disso, existe um aprofundamento no relacionamento de Bela com seu pai Maurice, e também ao mostrar a mãe da protagonista e de que forma isso contribuiu para a sua força e independência.
Entre os acertos da produção está a escalação do elenco, Emma Watson brilha em tela e traz o carisma e força necessários para a protagonista, uma mulher a frente de seu tempo e que se sente presa no vilarejo tão cheio de pessoas e situações retrógradas. Porém, quem realmente brilha em tela é o ator Luke Evans, que imprime uma canastrice agradável ao egocêntrico Gaston. Sua parceria com LeFou (Josh Gad) é impagável e rende bons momentos cômicos. Além disso, Gad consegue trabalhar muito bem o subtexto envolvendo sua paixão reprimida por Gaston, que em nenhum momento soa explícita e se adéqua ao “padrão Disney”.
O design de produção e a fotografia são belíssimas e agregam muito valor ao longa. É muito difícil não se emocionar com a agradável sensação saudosista proporcionada pelo filme, em especial durante as canções, sejam elas aquelas que já conhecemos através da animação ou as que vieram do espetáculo na Broadway. Devo destacar também as excelentes performances de Ewan McGregor, Emma Thompson, Audra McDonald e Ian McKellen, que defendem seus personagens animados com um vigor invejável.
Se existe algo que impede o filme de ser uma imersão mágica e completa é a fraca e nada inspirada direção de Bill Condon e o CGI da Fera, que em diversos momentos incomoda e desfaz, às vezes, o clima nostálgico do longa. Ainda sim, A Bela e a Fera traz muitas coisas boas da animação, mesmo que não o atinja em sua totalidade, e merece ser conferido pelos saudosistas da obra original ou não. E não deixe de acompanhar os belos créditos finais, que vêm embalados pela voz marcante de Céline Dion e sua “How Does A Moment Last Forever“, e a nova versão de “Beauty and the Beast“, interpretada por Ariana Grande e John Legend.