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9-1-1 | Quando o procedural é melhor do que a trama da vida pessoal dos personagens

Mais um ano que chega e mais uma nova série de Ryan Murphy estreia. Desta vez o drama conta a história da vida de policiais, paramédicos e bombeiros que lidam com as situações mais assustadoras e chocantes, enquanto precisam equilibrar o trabalho para salvar os mais vulneráveis e resolverem os problemas de suas vidas pessoais.

Ao iniciar o primeiro episódio é possível repararmos em algo familiar, caso Grey’s Anatomy seja uma das séries assistidas por você. A personagem Abby (Connie Britton) faz uma introdução e conta que sua mãe sofre de Alzheimer. Parece que já vimos isso em algum lugar, não? Mas o problema desta introdução, que é até bem feita e não atrapalha o desenvolvimento do episódio, é que ela parece ser totalmente fora do contexto de tudo o que se passa nos próximos quarenta minutos. A narração começa, mas não tem um término, como fazem na série médica da ABC. Se não tivesse essa introdução no começo do episódio, ela não faria falta. Ou poderia ter sido feita de outro jeito, não igual a outra série já citada.

Mesmo com essa introdução de Meredith Grey, Abby é uma personagem interessante. É uma mulher de 42 anos, solteira, que cuida da mãe doente e trabalha arduamente. Seu trabalho é importante, é a linha de frente quando uma pessoa precisa de ajuda, e a atriz o faz muito bem. Durante o decorrer do episódio, parece que ela é “só” o que faz a ligação entre as “vítimas” e seus “heróis”, mas percebe-se que ela é muito mais que isso.

Além de Abby, Buck (Oliver Stark) é outro personagem interessante. Ele é aquele típico cara que na ficção ou você ama ou você odeia. Não dá para ficar no meio-termo. Mas, diferente de alguns personagens apresentados neste piloto, é visível que ele terá sua redenção e evolução na história. Já no primeiro episódio, o telespectador nota como essa trama pode caminhar, é óbvia, mas também não deixa de ser interessante.

Diferente desses dois personagens já citados, Bobby (Peter Krause) é o com a história e personalidade mais chata de todos que o rodeiam. Uma que a trama dele é mal explorada e não dá nem para saber pra onde vai as histórias da sua vida pessoal. Outra que ele é um “chefe” correto, justo e ético, mas só fica nisso. Não dá vontade de torcer pelo personagem em momento algum, nem o carisma de Peter Krause o ajuda nisso.

Athena (Angela Bassett) é uma das personagens que tem potencial para a sua história, já que no primeiro momento ela é a única policial em destaque dos bombeiros, que possui o maior elenco, mas só fica mesmo no quase. A atriz é muito boa, a personagem parece ser também, mas ainda falta algo. O drama dela com o marido também não ajuda muito. É uma história atual, pode dar bons seguimentos, porém a primeira impressão é de que não parece que isso vá acontecer.

Juntando esses quatro personagens principais, eles formam um excelente time quando o assunto é ajudar alguém em necessidade imediata, mesmo alguns ainda sem se conhecer. Os casos apresentados durante este primeiro episódio são todos de tirar o fôlego, pois o espectador fica preso diante da tela para acompanhar como será o desfecho, e ainda há aqueles que são mais cômicos para aliviar a tensão. Diferente da vida pessoal de cada um deles, que é chata e não tem personalidade. Enquanto acompanhamos, eufóricos, o caso que se desenrola, logo em seguida vem algum momento da vida pessoal de algum personagem que tira total atenção daquilo que está acontecendo.

Por mais que tenha seus problemas, 9-1-1 é um bom piloto e faz com que os quarenta minutos de sua exibição passem rápido, empolgando o telespectador, fazendo-o se importar com as vítimas das situações e testemunhando que nada é trabalho de um homem só, sempre tem um time todo por trás dele. E esse é o momento mais legal de se notar.