Here and Now | HBO acerta em novo drama protagonizado por uma excêntrica família
Não se engane pela sinopse oficial, Here and Now está além do que uma primeira impressão possa entregar, agradando aqueles que vislumbram o nascer de uma narrativa interessante a ser vivenciada. Após o toque sobrenatural de Alan Ball (True Blood), a trama ultrapassa a barreira genérica, demonstrando reservar surpresas para o espectador que não sabe o que esperar.
Na trama, a família é composta por três filhos adotivos, Ramon (Daniel Zovatto), da Colômbia, Ashley (Jerrika Hinton), da Libéria, e Duc (Raymond Lee), do Vietnã. Kristen (Sosie Bacon), filha mais nova e biológica do casal Greg Bishop (Tim Robbins) e Audrey Bayer (Holly Hunter), chega para complementar o grupo, contribuindo com a cota de conflitos entregue pelos membros que indicam estar pessoalmente saturados com a vida e a rotina que levam em si.
Por mais que a história pareça coletiva, o enredo desperta a curiosidade individual do espectador, que anseia vislumbrar os problemas que envolvem cada integrante ali retratado. Ramon, gay assumido, começa a namorar Henry (Andy Bean) à medida que passa a ser atormentando pelo número 11-11, com alucinações e pesadelos até então difíceis de se decifrar.
Ashley é casada com um marido modelo e comanda uma grife virtual bem-sucedida, mesmo assim a mulher indica querer viver novas experiências nas drogas e na companhia de homens mais novos. Duc, um “arquiteto motivacional”, se entrega ao celibato enquanto aparenta invejar a bela família constituída pela irmã.
Kristen, por sua vez, vive sob influência da maconha e demonstra não aceitar a própria aparência ao acreditar ser feia perante a beleza dos irmãos. Greg, o patriarca, evidencia estar infeliz no trabalho e no casamento, já que visita semanalmente uma “profissional do sexo” para conseguir se desligar da realidade. Todavia, Audrey prefere acreditar ter uma família exemplar, manifestando fazer o que for preciso para manter a falsa imagem de felicidade vendida à sociedade.
Olhando por essa perspectiva, o público teria um roteiro complexo para absorver, mas, ainda assim, o elenco trabalha tão bem que constrói uma química natural e envolvente, capaz de prender a atenção desde o começo. Os diálogos soam verdadeiros e despertam sem nenhum esforço o interesse do espectador, que fica ávido pela resposta que encerra o convincente primeiro episódio.
Alan Ball constrói com perspicácia os pontos psicológicos entregues por cada personagem, além de comandar satisfatoriamente as emoções que transbordam da tela. É possível compreender, sem nenhuma dificuldade, o descontentamento ilustrado e conseguir se identificar com os apelos exteriorizados. Quem conhece o estilo do diretor, responsável pelo filme Beleza Americana (1999) e pelas consagradas séries True Blood (2008-2014) e Six Feet Under (2001-2005), sabe que pode esperar muita erotização, retratada através da nudez e das pretensiosas cenas de sexo, sejam elas heterossexuais ou homossexuais.
Com uma premissa agradável, Here and Now promete surpreender e se consagrar perante aos futuros fãs dessa nova saga. O primeiro capítulo, carregado de drama e humor, se mostra curioso e entrega diálogos inteligentes em uma história que evoca uma sequência imprevisível, porém pronta para cativar.