Good Girls | Quando boas mães podem ser más
Se você assistiu ao primeiro episódio de Good Girls, deve estar se perguntando onde foi que já viu isso! Coincidência ou não, a trama remete de forma expressiva o filme lançado em 2008, Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro. Em ambos os casos, temos três mulheres enfrentando condições adversas da vida, com motivações pessoais que levam ao nascimento de um crime. Todavia, a série é capaz de construir novas possibilidades nas quais uma complexidade maior acaba sendo desenvolvida devido ao tempo que os episódios disponibilizam para a história ser construída.
No divertido prólogo, acompanhamos a rotina de Beth (Christina Hendricks), Annie (Mae Whitman) e Ruby (Retta). A primeira, mãe de quatro filhos, indica ser a dona de casa perfeita e se mostra uma mulher dedicada à criação das crianças e aos cuidados do marido. Já a segunda, que vem a ser irmã caçula de Beth, é mãe solteira e trabalha em um supermercado no qual precisa aturar as constantes investidas de um chefe pervertido. Fechando o trio, a terceira trabalha como garçonete e enfrenta longas horas no serviço para tentar, ao lado do esposo, conseguir cuidar da grave doença que aflige a filha.
Apesar de indicar um enredo genérico, notamos aos poucos que alguns dramas estão escondidos. Beth, por exemplo, descobre que o companheiro está envolvido em um caso extraconjugal, ao passo que ele declara a falência econômica da família. Annie fica ao lado da filha, que sofre preconceito na escola por se vestir como menino. Como se não bastasse, seu ex-marido ressurge, ao lado da nova namorada rica, anunciando que irá iniciar uma disputa pela custódia da menina. Já Ruby se desespera ao saber o custo necessário para iniciar um tratamento experimental, que pode melhorar e proporcionar, de certo modo, mais qualidade de vida à acamada filha.
Sem ter para onde fugir, Annie estima roubar trinta mil dólares do cofre do trabalho e convida a irmã e a amiga para a investida. Após o crime, elas contam o dinheiro sem acreditar na quantia adquirida. O montante de meio milhão de dólares começa a ser gasto rapidamente, conforme elas compreendem terem escapado impunes do delito. No entanto, uma infeliz surpresa encerra o plano das meninas, dando fim aos sonhos das três famílias.
Com um elenco eficaz, devemos atribuir o futuro sucesso da série às atuações e química reveladas em cena. As reações exageradas se mostram cômicas, salientando uma percepção verídica de perigo. Desde o início fica claro que a personagem de Christina Hendricks está no limite, já que suas emoções vão de 0 a 100 em questão de segundos. Mae Whitman transparece com veracidade uma jovem que fez más escolhas ao longo da vida, tendo agora que lidar com elas sem a maturidade que precisa. Retta emociona com a imagem de uma mãe heroína, indicando estar pronta para fazer o impossível pela família.
Good Girls surpreende ao ir muito além de sua aparente premissa. Com um primeiro episódio eficaz, a série é capaz de captar e elucidar o público de forma natural e criativa. Um crime simples, com consequências inimagináveis, trouxe à tona uma versão desconhecida de três mulheres que têm de tudo para fortalecer laços, entregando companheirismo, superação e um amor desmedido pela família. Personificações únicas podem garantir o retorno da audiência, que fica aflita sem saber qual será a próxima loucura que desestabilizará a ação das nossas novas queridinhas.