Crítica | Power Rangers
No início dos anos 1990, começava a ser apresentada para o público uma história sobre cinco adolescentes que combatiam o mal, os Power Rangers. Já diferente de outras séries de super-heróis, tínhamos uma versatilidade no elenco e não eram apenas homens que vestiam a máscara, mas também mulheres, negros e asiáticos, todos misturados no elenco principal. Power Rangers sempre mostrou a representatividade em meio aos seus personagens e isso não poderia ficar de fora no novo filme da franquia, que seria lançado 24 anos depois.
Neste novo longa temos novamente toda a diversidade dos jovens lutadores. Desta vez, o elenco é composto por personagens homens e mulheres, um negro, uma latina, um asiático, além de um com autismo e um LGBT. Para quem acha que isso não importa, é só lembrar que nos filmes de heróis vemos sempre em maior número, ou quase que total, a quantidade de personagens brancos e heterossexuais. A diversidade dos personagens e atores são importantes para que os que forem assistir se sintam representados ao ver uma pessoa ali na telona. E Power Rangers faz isso com maestria.
Além da representatividade do elenco, o filme foca em jovens não tão problemáticos, mas que tiveram que passar por alguma dificuldade e perderam seu caminho de volta. O drama de Jason, Kimberly, Zack, Billy e Trini é todo bem construído e narrado, e toma a maior parte do filme. Todos os atores são bem carismáticos e fazem você gostar deles. Billy é o destaque de todo o longa, por mais que o Ranger Vermelho seja o líder da equipe. É por causa dele, o Ranger Azul, que tudo na trama se desenrola.
Mas apesar de o filme nos envolver com as boas histórias dos jovens heróis, ele também nos apresenta um problema: Zordon, que acaba sendo a decepção de todos os personagens do longa. Ele tem uma motivação por trás daquilo que está acontecendo que o faz parecer até egocêntrico e bem diferente do Zordon da série clássica, que tinha a figura de um conselheiro e tutor de todo o time.
Já Rita Repulsa é um algo a mais durante toda a história. Tudo gira em torno dela e a atuação da Elizabeth Banks não poderia ser melhor. A atriz encarna uma vilã que lembra algumas vezes aquela da série clássica, mas também com uma nova roupagem. Ela mostra o quão insana e poderosa é, se tornando uma ameaça real aos Rangers. A atriz usa, além de seu rosto e de sua voz, toda uma interpretação corporal para apresentar sua vilania, mostrando a que realmente veio.
Power Rangers é um filme teen focado em dramas adolescentes. Ele cumpre o que promete ser neste quesito. Nem tudo precisa ser escuro, profundo e realista a todo momento, e também não precisa ser só mais um filme de herói leve e cômico. O longa trabalha bem isso, com doses ponderadas e certeiras de drama de cada um dos Rangers e até de Zordon, além de comédias pontuais que trazem um alívio cômico para o filme. Tem muita referência a Clube dos Cinco que se desenvolve durante toda a trama, desde a sala com alunos na detenção até o sentimento de amizade que possuem um pelo outro. Vale notar que tudo que acontece é importante para a trama: algo que ocorre no começo e que parece não ter ligação com nada, no fim se torna importante ou referencial pelo que já aconteceu.
Algo que pode não agradar a todos é a “demora” na transformação dos Rangers. Eles precisam crescer durante toda a história para que consigam atingir o designado poder de morfar. Por mais que o plot seja um pouco lento, ele é todo bem trabalhado e construído para seu ápice acontecer. Na série original os jovens já sabiam algo sobre luta, nesta nova versão eles não sabem, e então precisam treinar, e treinar muito. A interação de todo o grupo é algo que faz parte de toda essa trama e não fica nem um pouco forçado para que no momento certo eles possam se preocupar realmente um com o outro.
A trilha sonora é um outro ponto que também te faz entrar ainda mais na história. Boas músicas tocam nos momentos certos e, claro, não poderia faltar o tema clássico dos heróis. Os efeitos visuais, que vão desde a transformação, o Alpha 5, até os grandes Zords, são feitos na medida certa para que não ficassem toscos em momento algum. Vale lembrar que críticas negativas sobre o visual dos Rangers aconteceram, mas com o desenrolar do filme e os momentos de ação, o uniforme funciona muito bem. Ele fica quase orgânico, uma segunda pele dos novos guerreiros, protegendo-os quando atacados.
Power Rangers é um ótimo filme com um ar de novidade entre tantas produções de heróis. Pode agradar desde o público nostálgico que acompanha a série dos anos 1990, e que possivelmente pode adorar o tanto de fan service apresentado, até as novas pessoas que nunca assistiram a franquia e apenas querem se divertir acompanhando um novo universo cinematográfico. E não saiam antes de ver a cena pós-crédito!!