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Crítica | Rei Arthur – A Lenda da Espada

Rei Arthur – A Lenda da Espada, novo filme dirigido por Guy Ritchie (Sherlock Holmes), é baseado na lenda do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. O elenco conta com Charlie Hunnam (Sons of Anarchy) como o jovem Arthur e Jude Law (The Young Pope) como Vortigern, seu tio e vilão da história. Com uma trama já conhecida e uma história recheada de clichês, não é de se espantar que a crítica tenha avaliado mal essa produção.

Alguns argumentos, como a fraca presença feminina – temos apenas o papel coadjuvante de Astrid Bergès-Frisbey como The Mage com certo destaque -, explicam também o fracasso dessa obra nas bilheterias americanas. Considero também o fato de Rei Arthur – A Lenda da Espada ter que disputar espaço com Guardiões da Galáxia Vol. 2 e com o novo Piratas do Caribe, que chega semana que vem aos cinemas brasileiros, um dos motivos para o fiasco de só arrecadar 14 milhões de dólares na estreia, quando custou aproximadamente 175 milhões.

Porém, o filme não é ruim. Guy Ritchie consegue impor seu ritmo a uma história já conhecida, trazendo uma versão de Arthur mais moderna, enquanto o mesmo é líder de uma gangue de rua e não se recorda de ser filho do antigo rei. Dessa forma, temos um Arthur underground que leva a vida do jeito que dá. O filme começa com sequências divertidas mostrando a esperteza de Arthur. É quando ele é obrigado a passar no teste com a lendária espada Excalibur que o longa ganha um tom mais sombrio, tanto no roteiro quanto na fotografia.

Somos levados a um universo de fantasia e magia tanto boa, representada na maga aprendiz de Merlim, quanto má, na figura de Vortigern, que traz um Jude Law sinistro, porém sem muita profundidade enquanto personagem. É o clássico vilão que mata o irmão para assumir o trono e luta pelo poder simplesmente para ter poder. Seria monótono e chato de ver, se não fosse novamente pelo diretor que impõe sequências de ação divertidas a todo o momento e consegue fazer o protagonista passar seu carisma de garoto das ruas destinado a virar rei.

O trabalho da edição, com cortes rápidos e elipses bem montadas, é crucial para que não se perca o ritmo do filme e para que o público não perceba a superficialidade dos personagens. Dessa forma, mesmo caminhando para um final óbvio, a experiência continua entretendo até o final de suas duas horas de duração, o que é uma das qualidades do longa. Os efeitos sonoros não chamam tanta atenção como em Sherlock Holmes e também não há um uso inteligente deles como vimos nos filmes do detetive britânico. Se não se destacam, também não prejudicam a experiência na sala de cinema.

Com o injusto título de primeira bomba do ano, Rei Arthur – A Lenda da Espada não deve ter uma sequência, mesmo que o roteiro deixe aquela brecha já habitual em grandes produções. Entretanto, é uma boa aventura que consegue divertir e é melhor que todas as adaptações live-action do conto do Rei Arthur que eu já tive a oportunidade de ver. O filme peca por não trazer uma personagem feminina com destaque apropriado, a própria maga era alguém interessante que poderia ter sido melhor explorada. Porém, o fracasso de bilheteria não faz jus à qualidade do filme, que se torna uma boa opção para quem for assistir no cinema.