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Planeta dos Macacos: A Guerra | Andy Serkis fala sobre o filme em coletiva realizada em São Paulo

Na última terça-feira (1), o ator Andy Serkis esteve em São Paulo para divulgar o filme Planeta dos Macacos: A Guerra, último longa da trilogia. Serkis foi recepcionado pela imprensa em uma sala de cinema toda caracterizada de selva, com algumas samambaias, luzes, trilha sonora e rolou até mesmo uma neve artificial ao final da coletiva. Quem foi assistir ao filme na cabine algumas horas antes, já tinha sentido um pouco dessa experiência. A entrada da sala estava bem estilizada e, ao seguir pelo corredor principal, haviam pedras, plantas e caixas de som repetindo: “Apes Together Strong!“, grito de guerra do macaco César, personagem no qual Andy se despede neste longa.

Quando o ator entrou no palco e foi devidamente ovacionado, sua primeira reação foi levantar os dois braços também em referência ao macaco. Como já era esperado, Andy respondeu muitas perguntas sobre motion capture, tecnologia que foi usada para que ele pudesse dar vida a figuras como Gollum (O Senhor dos Anéis) e o macaco líder da franquia do Planeta dos Macacos.

Segundo Serkis, os atores que começam a trabalhar com isso logo percebem que não é o mesmo do que fazer um personagem em live-action, por exemplo. “Óbvio que se você está interpretando um macaco, você deve fazer uma densa pesquisa sobre como eles se comunicam, se movem, vivem e etc. Porém, esses não são simples macacos. São evoluídos e transformados geneticamente, o que torna o processo de transformação um pouco mais complexo“. Foi essa dica que ele deu ao ator Steve Zahn (Perseguição), que interpreta o macaco Bad Ape.

Mas Andy deixou claro que a verdadeira pergunta que deve ser feita é a seguinte: como é o personagem? Porque no final de tudo, isso continua sendo sobre atuação. “O personagem de Steve é o alivio cômico, mas ao mesmo tempo é um macaco que vivia sozinho e colecionava coisas sem valor para tentar não se sentir tão solitário. Logo, ele também traz uma certa tristeza. E é por isso que os aspectos humanos são tão importantes, como nessas emoções“, explicou o ator.

Sobre o diretor e a evolução técnica da franquia dos macacos, Andy disse que Matt Reeves é um dos mais qualificados diretores com quem já trabalhou, principalmente por ele ser um ótimo na direção de atores. Um dos grandes medos que Reeves tinha com o primeiro longa foi que a tecnologia atrapalhasse na relação dele com o elenco. “Nessas produções com grandes orçamentos existem milhares de pessoas de todos os lados querendo filmar logo. Matt fez questão de não começar sem antes ter um tempo considerável com os atores e ensaiar bastante!“, disse Serkis. Ele completou dizendo que essas características são raras, principalmente em trabalhos sob pressão.

Quando questionado sobre o que esse novo filme tem de diferente para levar as pessoas ao cinema, o protagonista comentou sobre como todos os longas da saga falam de empatia e que esse ainda conta com o fator da imprevisibilidade. Para o ator, Planeta dos Macacos: A Guerra vai afetar as pessoas emocionalmente e fazê-las encarar as outras com menos julgamento.

Existe uma certa cobrança do público e dos fãs de que as grandes premiações do cinema comecem a reconhecer atores que fazem este tipo performance. Andy coloca a culpa disso no preconceito. “É uma tecnologia, mas não é diferente de qualquer outro processo de atuação. Eu digo isso há anos e esse conceito está mudando“. O intérprete de César foi otimista ao dizer que jovens diretores e atores estão reconhecendo cada vez mais esse trabalho, enquanto que os membros mais velhos da academia ainda estão relutantes a entender do que se trata. “Tudo que eles precisariam fazer é assistir ao making-of do filme e eles facilmente entenderiam que isso não é sobre somente entrar em uma roupa especial e seu personagem está pronto. Se eu interpretasse César com maquiagem e próteses seria levado mais a sério. Isso é frustrante”, completou.

Ao comparar o grau de dificuldade em interpretar o macaco nos três filmes, ele deixou claro que cada situação foi diferente. Os desafios incluem as mudanças de corpo, e um dos mais difíceis, de acordo com Serkis, foi fazer o macaco jovem. No primeiro filme ele chegou até a juventude e tinha bastante energia. No segundo, ele já é um líder e um pai, e seus movimentos ficaram mais fáceis por serem mais parecidos com os movimentos humanos. Os processos traumatizantes que César passa em sua vida neste terceiro longa tornaram esse desafio também bastante trabalhoso.

Eu sempre pensei no César como um humano preso na pele de um macaco. Então eu tratei seu amadurecimento mental como se fosse o de uma criança em crescimento. No segundo filme, usei Nelson Mandela como inspiração de líder que merece ser respeitado. Líder de movimentos por liberdade. Então, nos dois primeiros longas eu busquei inspirações externas. Já neste último eu precisei buscar inspirações internas devido às coisas que acontecem com César. Como eu reagiria caso esse fato que aconteceu com César acontecesse comigo? Este filme representa eu trazendo César bem mais próximo de mim“, finalizou o ator em tom de despedida.

Apesar disso tudo, o Andy fez questão de deixar claro que toparia voltar como um outro personagem num possível próximo longa da franquia. Afinal, essa tecnologia possibilita isso. Planeta dos Macacos: A Guerra estreia nos cinemas brasileiros em 3 de agosto e já podemos adiantar que o filme está incrível. História e efeitos impecáveis. Vale a pena conferir!

Fotos: Mauricio Santana

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