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Crítica | Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Se engana quem pensa que Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é um filme de super-heróis, pois o próprio diretor do longa, Luc Besson, reforça que a história traz a jornada de um amor adolescente. Mas calma, não é só isso que a trama retrata, já que essa dupla de soldados humanos garante bastante ação durante o desenrolar do filme. Trazendo tamanha riqueza visual para o cinema, o longa estampa todo o cuidado que teve com o preparo dos cenários e das criaturas alienígenas, manifestando para o público o resultado de um bom trabalho duro ao possibilitar que o telespectador viaje para dentro de inúmeras galáxias desconhecidas.

Com narrativa situada no século 28, o filme retrata uma adaptação do famoso e homônimo quadrinho criado e lançado a partir de 1967 pelo escritor francês Pierre Christin, em parceria com o ilustrador Jean-Claude Mézières. No longa, presenciamos como se deu início a evolução da raça humana, que com o tempo passou a dividir espaço e conhecimento com diversas espécimes alienígenas, dando origem ao local nomeado Alpha, ou então, Cidade dos Mil Planetas.

A partir disso, somos conduzidos para dentro de uma outra civilização que simboliza a perfeição de uma comunidade pacífica vivendo em harmonia com a natureza. Testemunhamos a existência de uma raça livre de maldade, linda por dentro, e, por fora, ser quase dizimada ao ser atingida por uma guerra da qual não pertence. Com isso, somos apresentados aos protagonistas Major Valerian (Dane DeHaan) e Sargento Laureline (Cara Delevingne), dois guardas do espaço que viajam através das galáxias aplicando as normas que constituem a preservação dos planetas. Porém, ao longo de uma importante missão, a dupla se vê envolvida em um mistério intergaláctico, que deve ser resolvido para manter a economia e paz presente entre as espécies de cada planeta.

Responsável por filmes como Lucy (2014) e O Quinto Elemento (1997), o consagrado e visionário diretor francês Luc Besson cumpriu com o prometido pelo trailer e soube trabalhar com maestria os efeitos visuais presentes em Valerian ao criar e retratar um ambiente extremamente colorido, utilizado para dar intensidade e realçar os detalhes exibidos no longa. No entanto, apesar de toda essa exuberância visual, o roteiro, também escrito por ele, se perde ao trazer um grande volume de informações que devem ser absorvidas pelo público que acompanha o andamento da narrativa. Apesar de o enredo ser bem explicativo, temos muitas espécies e muitas complexidades envolvidas em uma história que contém infinitos personagens e mundos no roteiro, fazendo com que o real objetivo da dupla principal se perca e tornando as mais de duas horas de projeção cansativas.

Contudo, o elenco principal é um fator que funciona bem dentro dessa sucessão de acontecimentos, tornando evidente a química presente entre os protagonistas Dane DeHaan e Cara Delevingne. A modelo/atriz, que representa uma mulher forte, de atitude, capaz de tudo para salvar a vida do companheiro, manifesta um significativo progresso após as fracas atuações em Cidades de Papel e Esquadrão Suicida. Entretanto, Dane DeHaan, que participou de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro e Poder Sem Limites, permanece inexpressivo no decorrer do título, sendo incapaz de retratar qualquer emoção vivida durante as aventuras de seu personagem no filme. Arrisco dizer que se não fosse por Laureline, esse fracasso estaria muito mais evidente para o público que se empolga com a possibilidade de imergir em dimensões profundas e inteligentes, criadas por toda essa tecnologia dos efeitos especiais.

Trazendo uma atração à parte, Rihanna encarna Bubble, uma alien que fica por pouco tempo, mas que cativa e conquista a plateia ao gerir um harmonioso espetáculo de dança. No mais, Ethan Hawke passa despercebido, enquanto Clive Owen não convence como vilão, passando o comando e o destaque para o quase desconhecido Sam Spruell, intérprete do íntegro General Okto Bar.

Com aspectos que podem agradar e dividir a grande maioria, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas resulta em uma obra inovadora, excepcionalmente bonita, mas que necessita ser assistida uma segunda vez para ser totalmente absorvida. Apesar de vasto, todos os elementos exibidos se encaixam com o desenrolar do filme, transportando o público para um ambiente que entrega uma boa aventura espacial, com um toque de romance e situações cômicas que fazem toda a diferença nos diálogos do título.

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