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Crítica | Kingsman: O Círculo Dourado

Sequência do elogiado Kingsman: Serviço SecretoKingsman: O Círculo Dourado mantém a linha do primeiro filme e conta com o retorno do competente diretor Matthew Vaughn (Kick-Ass), que também assina o roteiro ao lado de Jane Goldman. Recheado de cenas de ação em CGI, este novo Kingsman pretende levar o espectador a duas horas de entretenimento e diversão com todo o charme que essa organização espiã consegue oferecer. Com um elenco recheado de estrelas Hollywoodianas vencedoras do Oscar, além do astro Elton John, temos um ótimo filme de ação que, apesar de não parecer se levar a sério, conta com críticas muito pontuais ao momento que vivemos.

Logo nos primeiros minutos somos jogados numa sequência de perseguição de carros. Eggsy (Taron Egerton) agora tem que se virar sozinho após a morte de seu mentor, Harry (Colin Firth). Uma organização criminosa comandada pela psicopata canibal Poppy (Julianne Moore) consegue hackear os servidores da Kingsman, gerando um ataque impiedoso contra os espiões. Resta a Eggsy e Merlin (Mark Strong, com a melhor atuação do filme) descobrirem uma forma de impedir Poppy de conquistar seus objetivos.

A deixa é muito simples e este tipo de plot é batido. O que salva O Círculo Dourado do lugar comum são suas sequências de ação muito bem orquestradas tanto visualmente quanto pela trilha sonora perfeitamente escolhida. O elenco gigante parece se divertir muito com o pé fora da realidade que é o universo do filme, com suas tecnologias absurdas e o uso delas em cena. Temos, por exemplo, um Pedro Pascal (Narcos) que usa um “chicote de luz” que deixaria muito Jedi com inveja. Criatividade é um dos fortes desta franquia, e nisso o filme não decepciona.

Apesar de momentos dramáticos até muito bem elaborados, Kingsman: O Círculo Dourado é pura comédia e ação. No meio tempo entre uma cena e outra sobra uma crítica quase direta ao presidente dos EUA, interpretado por Bruce Greenwood (Star Trek), que lembra muito o atual ocupante da Casa Branca. Jeff Bridges, Halle Berry e Channing Tatum são outros rostos conhecidos que aparecem pelo longa, mas não chegam nem perto da participação sensacional de Sir Elton John, que justifica sua presença na história em momentos cruciais.

Com muito CGI, a fotografia do filme perde destaque, entretanto não se pode dizer o mesmo do design de produção. Desde o quartel general de Poppy até a sede da Kingsman nos EUA trazem detalhes e características específicas que situam o espectador sobre o clima de cada cenário. A edição, outro ponto forte do filme, flui com uma montagem que valoriza as sequências de ação, prendendo o espectador e deixando planos-sequências intensos com o tempo certo de tela. Matthew Vaughn não abriu mão de explorar as opções mais absurdas, porém não conseguiu criar algo tão fantástico quanto a cena da igreja no primeiro longa da franquia.

Com 2h21 de duração, Kingsman: O Círculo Dourado pode ter momentos sem pé nem cabeça, mas prende a atenção com suas sequências surreais e com o carisma de seus protagonistas, principalmente Colin Firth, que se não rouba a cena como no primeiro, ao menos se mostra uma presença indispensável na franquia, e Mark Strong, esse sim rouba a cena, talvez sendo responsável pelo melhor momento desse novo Kingsman. Assistir sem grandes expectativas é a chave para aproveitar melhor esta obra, que não supera o original, mas diverte do começo ao fim, sendo talvez essa a intenção de Vaughn desde o início ao produzir esta sequência.