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LA to Vegas | Um voo sem escalas com destino ao nonsense

O ano começou com uma nova leva de séries entrando nos catálogos do público, e a nova aposta da FOX, LA To Vegas, promete arrancar risadas da audiência. Mas só promete mesmo…

Isso porque retratar um grupo de viajantes da linha aérea Los Angeles – Las Vegas, na prática, não é tão divertido quanto na teoria. Ok, quem queremos enganar? Nem na teoria a ideia soa tão boa assim. Ao longo de seus pouco mais de 20 minutos, a sitcom acompanha a ida e a volta de seus personagens à cidade do pecado. Dentre relacionamentos começando, piadas autodepreciativas e grupos de apostas, chega a ser frustrante assistir ao elenco se esforçar tanto numa produção sustentada por piadas ruins e plots sem sentido.

E isso já fica perceptível a partir do piloto – neste caso, o episódio teste da série. A forçação desses principais estereótipos dos passageiros parece seguir como um mantra para o desencadeamento do roteiro. Desde as strippers aos viciados em apostas, passando pelo casal apaixonado que decide se casar contra a vontade dos pais, LA to Vegas não perdoa nem mesmo a tripulação, que também tenta garantir, sem sucesso, a veia tragicômica da produção com seus próprios anseios e frustrações.

Desse rodeio, quem se salva é Nathan Lee Graham, que na pele do ácido comissário de bordo Bernard ainda consegue sustentar o resquício de dignidade da série. Uma pena que um personagem com tiradas tão boas tenha tão pouco tempo de cena, enquanto outros com bem menos conteúdo ficam na tela por tempo demais. E isso é exatamente o que acontece com o piloto – neste caso, o piloto do avião mesmo -, Dave (Dylan McDermott).

Dave é um daqueles personagens extremamente frustrados que têm uma necessidade absurda de se autoafirmar a qualquer custo. Seja se vangloriando em um bar, falando sobre suas habilidades de muay thai ou cantando as passageiras do avião, Dave é um exagero para a trama. Ronnie (Kim Matula) também não traz nada de novo ao público. Logo em sua primeira cena, temos uma ideia de como ela vai ser no resto da série: desastrada, impulsiva e, por que não dizer, patética. Não me surpreenderia se os passageiros desse voo optassem por viajar de carro ou ônibus na próxima vez.

Talvez o péssimo desenvolvimento dos personagens seja um reflexo de seu roteiro absolutamente fraco. O contexto aéreo poderia ter sido melhor aproveitado, por exemplo. Ainda que soasse clichê colocar piadas relacionadas a isso, certamente seria mais interessante de assistir do que aos conflitos de pseudo-romances frustrados e ataques de histeria de dentro do banheiro.

Em resumo, LA to Vegas é uma grande mistura embalada numa sitcom fraca e mal aproveitada, que mal decolou, mas já precisa fazer um pouso de emergência o quanto antes.