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Arrow | 6×19 – The Dragon

Desde que se revelou como o grande vilão da temporada, Ricardo Diaz vem cumprindo bem seu papel. O personagem é uma das melhores coisas deste ano até agora, então dedicar um episódio inteiro para ele é uma ótima ideia e o resultado disso conseguiu ser ainda melhor do que o esperado.

The Dragon foi um dos melhores episódios da temporada e isso se deve a um motivo bem simples: não pareceu um episódio de Arrow. Com exceção das cenas que mostravam Felicity e Curtis trabalhando juntos na Helix, o que foi apresentado para o público teve um ar diferente de tudo aquilo o que a série vem exibindo nos últimos anos. É verdade que tivemos os famosos flashbacks conectados com o presente, mas sem a existência de dramas desnecessários e de discussões mal escritas o que vimos foi um capítulo dedicado a um personagem, explorando suas motivações e suas capacidades. Durante aproximadamente 40 minutos, o que vimos foi pura e simples exploração e desenvolvimento de personagem feitos do jeito certo. Arrow até pode fazer isso, mas fazer certo é algo que a série vem tendo dificuldades recentemente.

Diaz estava interessado em entrar para o mais alto escalão de criminosos do país, e ao acompanhar sua jornada finalmente vimos quem ele realmente é. Muito mais inteligente do que parecia nos primeiros episódios, extremamente focado em seus objetivos e corajoso o bastante para arriscar a vida para conseguir o que quer. Ele ainda é um vilão, então não necessariamente acho que deveríamos torcer por ele, mas depois do que vimos aqui a vontade é essa. Não que tudo se explique pelos abusos que ele sofreu na infância, o que atualmente já é clichê entre os vilões atuais, ou que por causa desses problemas nós devêssemos ter pena dele, mas o fato é que a sua história (da forma como foi contada) faz sentido. Ele carrega uma enorme bagagem do seu tempo como criança órfã, mas ao invés de ficar chorando por isso, ele agiu. Essa assertividade, não ligada à loucura como já vimos antes, o torna mais interessante do que praticamente todo o elenco principal.

É óbvio que se o resultado final foi tão bom assim, então existem alguns momentos dignos de nota, e nesse episódio não foram poucos. A primeira coisa que merece destaque são as interações entre Diaz e Black Siren. A dinâmica entre os dois funcionou muito bem e ver essas duas pessoas com formas de agir tão diferentes trabalhando juntas foi bem interessante. A cena envolvendo Eric Cartier Jr. amarrado na cadeira também foi um ponto interessante. Não foi nada muito além de uma cena de interrogação com tortura “normal”, mas a intensidade de Ricardo Diaz deixou tudo muito mais interessante. Da mesma forma foi a cena na qual ele matou Eric Cartier Sr. Aquele momento poderia ter tido vários resultados diferentes, mas foi Diaz, muito bem interpretado por Kirk Acevedo, que deixou tudo muito mais interessante e fácil de acreditar.

Claro que o grande momento foi a última aparição da dupla de vilões, a cena na qual Diaz se liberta de seu passado de um modo bem direto. Todo o episódio nos preparou para aquele momento: nós descobrimos como foi a infância do vilão, fomos apresentados às suas dificuldades, vimos em primeira mão sua tenacidade e descobrimos que ele gosta de agir e de executar as tarefas com as próprias mãos. Tudo não só ajudou o público a entender a lógica por trás dessa ação tão brutal, mas também fechou muito bem a narrativa de sua vida até aquele momento.

É estranho ver a Black Siren (uma assassina) se incomodando com a morte de alguém? Sim. As cenas da Felicity com o Curtis foram chatas e desnecessárias? Com certeza. Mas nada muda o fato de que The Dragon era o episódio que Arrow precisava apresentar. Não só pela sua qualidade, mas sim pelo fato de que finalmente conhecemos bem a motivação do grande vilão da temporada. As duas últimas semanas foram muito boas para a série, e por mais que esteja tarde para tentar resolver todos os problemas da temporada, pelo menos Arrow ainda pode encerrar seu ano de maneira positiva se conseguir manter o ritmo.