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Supergirl | 3×20 – Dark Side of the Moon

Existem certos momentos que mudam completamente o rumo de uma série, acontecimentos que alteram a base de tudo o que já existia e que não podem ser ignorados ou esquecidos depois de acontecerem. Em Dark Side of the Moon aconteceu algo assim e a personagem principal jamais será a mesma.

O episódio foi dividido em três narrativas distintas: Lena em um conflito moral, Alex enfrentando um inimigo desconhecido e Kara descobrindo que sua mãe sobreviveu à morte de Krypton. Esses três eventos são bem relevantes no que se refere ao desenvolvimento dessas personagens, mas obviamente o maior deles é aquele envolvendo a cidade kryptoniana que se manteve viva, uma vez que é o que mais afetará o rumo das possíveis narrativas futuras da série.

Descobrir que Alura está viva foi uma das melhores coisas que já aconteceu com a Kara desde que a série começou e a emoção visível no rosto da personagem durante o reencontro é muito clara nesse sentido, mas esse evento tem consequências que vão muito além da felicidade que ele gera. Muito da personalidade da personagem principal tem origem no fato de que, por muito tempo, ela se sentia sozinha. E mesmo depois de adulta ela fazia todo o possível para manter viva a memória da pessoa mais importante para ela.

Com algo tão importante sendo alterado, é bem provável que agora a Kara cresça emocionalmente de modos inesperados anteriormente, além de termos possibilidades bem interessantes de enredos futuros, com reencontros entre as duas, trabalhos em equipe e talvez até conflitos de opinião. Tudo isso é muito promissor, mas é impossível não apontar um problema: para algo tão grande, o reencontro da família El foi apresentado de um modo extremamente simples.

Um evento dessas proporções mereceria um pequeno arco secundário, talvez uma situação que permitisse que mãe e filha ficassem mais tempo juntas e, acima de tudo, merecia alguma forma de preparação. Aconteceu tudo muito rápido, e se você não acompanha as informações da série pela internet, a impressão que dá é que Alura apareceu do nada (o que é verdade), como se fosse uma personagem sem relevância. Esse momento precisava ser trabalhado de outra forma, com mais grandiosidade, mas felizmente Melissa Benoist nunca desaponta em sua interpretação da personagem e conseguiu colocar um pouco mais de profundidade no encontro.

Enquanto isso, na Terra, Alex está sendo caçada por um alienígena que ela nem mesmo conhecia, e essa perseguição fez com que ela percebesse algo importante: seu trabalho não é o mais apropriado para alguém que quer ter filhos. É interessante que algo tão óbvio nunca tenha passado pela cabeça dela, mas é bom ver que o tempo que ela passa com a Ruby está fazendo a personagem crescer e até mesmo experimentar um pouco daquilo que ela mais queria. E um detalhe importante: não importa o quanto a manobra da Alex se segurando no telhado seja fisicamente impossível, vê-la dominando o alienígena daquela forma foi extremamente satisfatório.

Já Lena passava por uma experiência de desenvolvimento de personagem muito mais sombria: ela se via com a opção de se livrar definitivamente do ser vivo mais perigoso do planeta, mas ao custo da vida de sua melhor amiga. A lógica resolve essa questão de modo bem simples, mas além das emoções influenciando na decisão ainda existe a questão moral, afinal ela estaria matando uma inocente. Lena, usando da lógica, decide matar Reign para resolver o problema, mas infelizmente ela não consegue, e o que se segue é a worldkiller escapando e começando uma batalha contra a Supergirl. Esse final foi bem interessante e a última cena é basicamente a definição de cliffhanger.

Outros momentos dignos de nota são: Mon-El mostrando o tanto que cresceu como personagem em uma cena muito bonita em Argon na qual ele ajuda uma criança doente, Winn sendo forçado a cuidar da Ruby e mostrando que nem sempre ele está disposto a ser o cara engraçado que alivia o clima ao redor e, principalmente, o discurso de Kara na frente do conselho de Argon. Ela vê a humanidade de forma muito mais positiva do que deveria, mas por causa disso seu discurso foi realmente inspirador.

Agora Reign está livre, Supergirl sabe que sua mãe está viva e, além disso, aquela que comandava as worldkillers também está em Argon. Esses eventos colocam a série muito mais perto de seu clímax e parece que qualquer problema que a temporada tenha apresentado já está resolvido. Dark Side of the Moon foi um episódio muito bom e explorou muito bem as três principais personagens femininas da série (além da vilã, obviamente). A expectativa para o final volta a crescer bastante, o que é ótimo, levando em conta que a temporada acaba daqui a três episódios.