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Crítica | Churchill

Churchill é um filme emocionante, cheio de grandes atuações sobre as 98 horas que antecederam a Operação Overlord e mostra como Winston Churchill sofreu com todas as suas ressalvas e inquietações que tinha sobre a eficácia da operação.

Brian Cox faz um trabalho incrível como o primeiro-ministro britânico e desde o início emociona com a sua capacidade de interpretação. O ator, que tem 71 anos, consegue mostrar toda a humanidade que existiu por trás da imagem carrancuda de Winston Churchill. Conforme a história se desenvolve, Winston se sente cada vez mais obsoleto e começa a ficar obcecado com a suposta ideia de que suas táticas e conselhos estejam ficando ultrapassadas aos olhos do rei e do comandante americano Dwight Eisenhower (John Slattery).

Por conta dessa obsessão, seu casamento acaba ficando de lado, o que gera mais uma nebulosidade na cabeça do velho capitão, somando ao fato de ele ter a certeza de que estariam enviando milhares de homens para uma sentença de morte. Sabemos a importância de Winston Churchill durante a Segunda Guerra Mundial, mas a figura de herói do ex-primeiro-ministro britânico não é sinônimo de uma imagem de bom ser humano na vida pessoal, até mesmo por questões de decisões difíceis que precisam ser tomadas em momentos decisivos da guerra. E o diretor Jonathan Teplitzky quis desmistificar exatamente isso e humanizar Churchill. Brian Cox consegue mostrar todo o conflito interno sentido pelo personagem e o desenvolvimento dele é tão bonito e natural que, ao final, causa reflexão e lágrimas no espectador.

Churchill é praticamente um longa de uma pessoa só, mas vale ressaltar a interpretação de Miranda Richardson, que interpreta Clementine Churchill, e também está impecável em todas as cenas em que aparece. Clementine percebe que seu marido pode estar perdendo a cabeça e querendo ter mais autoridade que o próprio rei em algumas decisões, e é a única que consegue colocá-lo contra a parede e questionar suas atitudes. As cenas dos dois atuando juntos são as mais tocantes e cheias de sentimentos do longa.

Cenas de guerra foram deixadas de lado no filme, até porque não era essa a proposta desde o início, e este fato tornou rico o investimento em figurinos, locações e tecnologias da época, que são impecáveis no quesito realeza britânica. A única exceção é o Rei George VI, que pecou tanto na escalação do ator quanto no figurino. Talvez pelo fato de o Rei ter ficado marcado na atuação de Colin Firth em O Discurso do Rei. Já em Churchill nada pareceu natural.

Não existem más atuações no longa, e outra performance que impressiona é a de Richard Durden, que deu vida ao ex-soldado sul-africano Jan Smuts. Smuts representa o público nas suas expressões toda vez que Churchill parece descontrolado. Em filmes históricos, especificamente os relacionadas às Guerras Mundiais, não há muito o que se esperar no quesito surpresa na trama, mas na emoção e na qualidade audiovisual a situação muda, e Churchill não decepciona em nada.

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