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Nerd de Pijama | Minha melhor vingança será educar a todos

Vez ou outra, nós, nerds, damos aquele STOP repentino na vida para contemplar a nossa estante de livros. E como já disse anteriormente aqui, esta época, assim como toda e qualquer outra época do ano, é uma ótima pedida para tal atividade. Um exemplo mais recente disso foi a visita da Malala ao Brasil e uma leve reflexão de como nós todos temos a nossa Hermione interior vivíssima. Outro exemplo é quando nosso fanfarrão Joey Tribbiani fala ao Ross que está cansado de ler e conta como leitura os folhetos, legenda de filmes, caixa de cereais. Tal cena só me lembrou uma coisa que todos nós deveríamos ter aprendido na escola e talvez deixamos de lado sempre que pegamos no celular para acessar quaisquer redes sociais: a interpretação de texto.

E advinha quem é superfã de ver uma propaganda ou ler um gibi qualquer e tirar algo mais das entrelinhas? Esta nerd que vos escreve. Então vocês devem estar se perguntando qual é o ponto desta coluna… Bom, recentemente me indicaram mais um livro para ler, um livro que há muito eu quis pela adaptação cinematográfica da história. Então fui lá e joguei ele no meu carrinho da Amazon sem arrependimento algum. O mundo nerd parece que estagnou há alguns dias com o lançamento do Batman #50, quadrinho que trata do relacionamento do morcegão com a felina de Gotham City. Então fica a pergunta: onde estão os seus gibis antigos – mesmo que sejam da Turma da Mônica? Eles talvez tenham sumido numa época remota da sua vida entre a infância e a adolescência para darem lugar a muitos mangás ou até mesmo livros grossos como os de O Senhor dos Anéis.

Se você parar para pensar melhor, seja o gibi ou o livro, ainda falta muita aula de interpretação no mundo nerd. Vide alguns filmes de super-heróis com babacas saindo da sala de cinema “chateados” por não entenderem nada da história e a produção não alimentar seu egocentrismo de macho branco na casa dos 40 – o que também vale para a TV. Se você sabe ler no mínimo o nome do seu ônibus na parada, sabe muito bem que o mesmo pode vir lotado, vazio, com assaltante ou com cobrador chato que não quer passar o troco. Dito isso, por que as pessoas ainda têm a “preguiça” de ver filmes legendados? A língua portuguesa não tem muita graça como aquele sotaque do sul da França num filme de época, ok? E sim, o mercado de tradutores no Brasil, pelo menos, precisa melhorar e muito, vemos isso justamente nas tão temidas traduções simultâneas.

A preguiça vem lá da base de não querer ler, aquele problema sociocultural que brasileiro sofre até dentro de casa. E preguiça, para tudo, transforma-se em dificuldade de ler, interpretar e formar opinião sobre. Outubro está logo ali, meninos e meninas. Criando coragem para voltar a pegar naquele livro largado empoeirado ou só tentando ler um gibi super-hypado que foi recentemente lançado, você está contribuindo para nada mais que a sua Hermione interior e fazendo seu Joey feliz também, pois é muito mais legal ler uma história do Batman do que a bula de um remédio e começar a criar noias sobre o seu próprio corpo e pirar com informações falsas do tio Google, né mesmo?

Então, nem que seja com um episódio de uma série cult à la The Handmaid’s Tale ou Westworld (só para treinar seu nivelamento de criticidade mesmo), abra a mente como quem abre um pacote de salgadinhos. Ou só esquente um café e diga a si mesmo que não é a lentidão da narrativa do Tolkien que irá derrubar a sua vontade de explorar a fundo a Terra Média. Afinal, nós, escritores, só fazemos isso por ter alguém do outro lado disposto a ligar um neurônio a outro e fazer sinapses enquanto você lê. E, se perceber, há mais coisas que você tem vontade de ler do que realmente anda lendo, então comece por partes e vá escalando essa montada de gibis, quadrinhos, séries com mensagens educadoras ou até mesmo os assuntos do Enem deste ano. Você consegue e seus olhinhos também! Abraços!