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Orange is the New Black | A quarta temporada e o futuro sombrio de Litchfield

Quando o quarto ano de Orange is the New Black começou, a máxima era expandir o cunho crítico-social da série que cresceu exponencialmente durante a terceira temporada. Litchfield não poderia ser mais a mesma depois da fuga momentânea das presidiárias, e o sistema falido herdado por Caputo sofreria as consequências da privatização em todo o seu escopo mais obscuro. Para muitos foi uma temporada difícil, justo por testar o emocional de todos os personagens com decisões duras, reais e genuinamente incômodas. Pois bem, ninguém disse que conhecer o outro lado do sistema carcerário seria fácil como um dia pareceu ser.

Os cliffhangers que foram deixados na temporada anterior conseguiram dar o tom de todas as novas tramas e a sensação de planejamento, que sempre foi um dos maiores trunfos da série, continuou elevando o nível da maioria dos roteiros, mesmo com alguns flashbacks um tanto quanto deslocados. De consequências, a fuga trouxe os novos e pavorosos guardas de Litchfield, a chegada de mais prisioneiras inflamou todos os ânimos, a ambição de Piper incitou a formação de diversas gangues no presídio – agora de segurança máxima –, o destino de Alex definiu toda a triste trajetória de Lolly e a presença de Judy King alimentou uma discussão sobre o preconceito velado da sociedade atual, que não só deu espaço para Taystee e seu grupo como nos deixou ainda mais encantados por elas.

Se uma série sai do subgênero da dramédia para o drama como Orange is the New Black fez, o mergulho deve ser profundo para fazer valer a mudança. No entanto, a showrunner Jenji Kohan não deixou nada soar unilateral e a construção das tramas que culminaram nesse desvio de narrativa foi tão poderosa e sutil que o malho dos últimos fechamentos da temporada nos atingiu sem nenhum aviso prévio. Desta forma, a segunda metade do quarto ano pegou todos os esboços de tramas, como o comportamento cruel dos guardas de Litchfield, o distanciamento de Caputo – numa rima bem-vinda à figura de Figueroa – e o adorável desenvolvimento de Poussey, para entregar a mais dolorosa das perdas de toda a série.

Numa emocionante virada de emponderamento, que começou com todas as detentas se unindo para apoiar Blanca após alguns dias de guerra fria entre as gangues formadas no início da temporada, fomos pegos de surpresa quando uma ação casual desencadeou a maior tragédia da história do show: a morte de Poussey. Naquele instante, a sensação oca e vazia que a despedida da personagem mais iluminada da série causou deixou claro que Orange is the New Black jamais poderia ser a mesma em termos de tom.

Fechando a temporada com uma ode à presença de Poussey naquele universo, Jenji Kohan ainda conseguiu nos deixar angustiados ao desencadear uma rebelião em Litchfield que promete sustentar a quinta temporada em níveis ainda mais assustadores. Acredito que ninguém esteja preparado para o que vai acontecer nas próximas treze horas de Orange is the New Black, mas se for para conseguirmos mais emoções da melhor série já produzida pela Netflix, estou mais do que preparado.

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